Igreja tem de continuar “a abrir caminhos de esperança” procurando “pontes com autonomia”

Bispo emérito de Angra vai ser homenageado e falou ao Sítio Igreja Açores

O papel da igreja açoriana passa, como sempre passou, por liderar o trabalho para “abrir caminhos de esperança” procurando sempre “a criação de pontes com as várias entidades” mas “em total autonomia”, disse o bispo emérito de Angra.

D. António de Sousa Braga vai ser homenageado no próximo dia 30, com uma Eucaristia na Catedral de Angra, às 18h00, e numa entrevista que poderá ouvir no domingo, dia 26 de junho, no programa de rádio Igreja Açores (ao meio dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores), conduzido por Tatiana Ourique, fala do papel da igreja na construção “da unidade açoriana”.

Apesar dos “tempos difíceis”  que o mundo vive, “sob a direção do Papa e do nosso bispo, D. João, seremos capazes de ser uma igreja próxima das pessoas, atuante e interveniente”, referiu o prelado que agora reside entre Lisboa e Santa Maria, a sua ilha natal.

“A nossa diocese é dispersa e a igreja tem ajudado a construir a unidade”, referiu o bispo emérito de Angra que completa a 30 de junho 20 anos de ordenação episcopal, celebrada na Sé de Angra.

“Esta homenagem é o reconhecimento pelo papel da igreja nos últimos 20 anos, sobretudo na construção dos Açores, um arquipélago disperso que tem procurado crescer em unidade” disse D. António.

E, alerta: “a primeira experiência de unidade e de autonomia é a da igreja” refere lembrando que desde 1534 a diocese “engloba as nove ilhas. E embora tenha havido a pretensão de criar uma outra diocese ainda bem que isso não aconteceu, porque a Igreja tem sido de facto a grande referência de unidade”, sublinha.

A autonomia, na sua dimensão política, administrativa e social, “tem a sua raíz na igreja católica que está cá desde o povoamento”, disse ainda o prelado mariense, o segundo em quase quinhentos anos de história da diocese que é açoriano.

Pessoalmente, D. António refere que se tratou de uma “experiência muito gratificante” porque lhe deu a possibilidade de “verificar e de acompanhar a caminhada da igreja e, ainda,  a possibilidade de verificar como açoriano a vitalidade da nossa igreja sobretudo ao nível da religiosidade popular”.

“Sou filho de Santa Maria; estou muito ligado à festa do espirito santo, as mais original, e por isso procurei promover em todas as ilhas essas festas, valorizando-as através de um acompanhamento próximo”, referiu.

Estas festas, que constituem uma marca identitária do povo açoriano, “fazem-nos compreender que a marca do futuro nos impele a viver neste grande império do Espírito Santo e segundo as suas regras: fraternidade, solidariedade e combate pela justiça para que haja lugar para todos no banquete da vida”, conclui D. António.

O prelado, que é licenciado em teologia e sociologia e foi determinante na aproximação da igreja ao povo açoriano, pelas relações de proximidade e cumplicidade que sempre cultivou, regressou à região em 96 assumindo a liderança da diocese por nomeação do Papa São João II, que cinco anos antes tinha estado nos Açores.

D.António de Sousa Braga é sacerdote da congregação dos padres do Coração de Jesus, de que já foi provincial. Estudou em Roma e foi ordenado pelo Papa Paulo VI no Vaticano.

Apesar das dificuldades do seu episcopado- problemas financeiros e administrativos- D. António de Sousa Braga sempre assumiu a sua função de pastor, como é reconhecido pelos presbíteros e pelos leigos.

No próximo dia 30 são esperados na Sé sacerdotes de todas as ilhas naquela que é a homenagem diocesana anunciada desde o primeiro momento da sua resignação por D. João Lavrador.

( Com Tatiana Ourique)

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