Papa Francisco não visitará os Açores em 2017

Vaticano oficializa peregrinação do Papa a Fátima e exclui qualquer passagem por outra parcela do território nacional

O Papa Francisco estará em Fátima em maio do próximo ano, para o Centenário das aparições marianas na Cova da Iria, mas não visitará mais nenhuma parcela do território nacional.

A informação foi oficializada esta manhã pelo Vaticano.

“Por ocasião do centenário das Aparições da Bem-Aventurada Virgem Maria na Cova da Iria e acolhendo o convite do Presidente da República e dos Bispos portugueses, Sua Santidade o Papa Francisco irá em peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima de 12 a 13 de maio de 2017”, refere a nota disponibilizada pela Sala de Imprensa.

Embora não revele qualquer pormenor sobre o itinerário da visita do Papa Francisco, a nota sublinha que o Papa Argentino irá apenas em peregrinação a Fátima, onde permanecerá nos dois dias.

Recorde-se que a diocese de Angra convidou o Papa Francisco a deslocar-se aos Açores no âmbito da visita por ocasião do Centenário das Aparições.

Em setembro do ano passado o então bispo de Angra, D. António de Sousa Braga, enviou um convite ao Santo Padre, em setembro,

justificando o convite com o facto do Santo Padre estar “tão focado” nas periferias.

“O Papa Francisco fala muito das periferias , por isso, vindo a Portugal faria todo o sentido que visitasse a região mais ultraperiférica da União Europeia, uma porta erguida entre dois mundos: a Europa e a América”, sublinhou o bispo de Angra dizendo que os Açores constituem “o ponto de encontro entre dois continentes e isso faz desta região uma região especial”.

“Julgo que interpreto bem o sentimento dos açorianos que gostariam de ver o Papa de novo nos Açores”, disse ainda D. António de Sousa Braga que adiantou já ter tido “alguns contactos preliminares” nesse sentido e, por isso, está “otimista” quanto a uma resposta positiva.

“Tanto quanto sei os locais de passagem nas visitas é o Papa que os define ou pelo menos tem uma opinião muito preponderante e tendo conhecimento dos Açores, do seu estatuto ultraperiférico, poderá sentir-se motivado a seguir o exemplo de São João Paulo II” concluiu o prelado destacando que “seria uma honra para todos”.

Também o Presidente do Governo Regional dos Açores convidou este ano o Papa a visitar o arquipélago, entregando o convite diretamente em Roma.

O único papa que até hoje visitou os Açores foi o Papa João Paulo II em 1991, aquando da sua segunda visita a Portugal, integrando também no seu roteiro uma passagem na Cova da Iria.

As viagens internacionais dos Papas modernos são uma novidade que remonta à segunda metade do século XX, com o pontificado de Paulo VI (1897-1978).

Portugal entraria na rota dessas visitas apostólicas logo na quinta viagem deste pontífice italiano, a 13 de maio de 1967, por ocasião do 50.º aniversário das aparições marianas, reconhecidas pela Igreja Católica, na Cova da Iria.

Fátima seria a partir de então o principal motor das, até hoje, cinco viagens pontifícias, depois de já Pio XII, a 31 de outubro de 1942, ter consagrado o mundo ao Imaculado Coração de Maria, em plena II Guerra Mundial.

Paulo VI quis vir pessoalmente a Fátima, como peregrino, a 13 de maio de 1967, tendo decidido que o avião que o transportou desde Roma aterrasse em Monte Real, ficando alojado na então Diocese de Leiria (hoje Leiria-Fátima); além da homilia na Missa do 13 de maio, no 50.º aniversário das Aparições, Paulo VI teve outras seis intervenções. Paulo VI visitou Fátima num momento particularmente difícil para a igre, depois de ter anunciado 3 anos antes, na última sessão do Concilio, que viria a Fátima entregar a Rosa de Ouro a Nossa Senhora.

João Paulo II, que a 13 de maio de 1981 tinha sido atingido a tiro na Praça de São Pedro, num atentado contra a sua vida, veio à Cova da Iria um ano depois, agradecer publicamente a intercessão de Nossa Senhora de Fátima na sua recuperação.

Em maio de 1982, no aniversário desse primeiro atentado contra a sua vida, Karol Wojtyla (1920-2005) chegava a Fátima para “agradecer à Divina Providência neste lugar que a mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular”; passou ainda por Lisboa, Vila Viçosa, Coimbra, Braga e Porto, ao longo de quatro dias (12-15 de maio), proferindo um total de 22 intervenções.

O Papa polaco voltou a Portugal nove anos depois: a 10 maio de 1991, João Paulo II celebrou Missa no Estádio do Restelo e viajaria depois para os Açores e Madeira, antes de centrar-se no Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 maio.

Durante quatro dias, São João Paulo II proferiu 12 intervenções e enviou ainda uma carta, desde a Cova da Iria, aos bispos católicos da Europa, que preparavam uma assembleia especial do Sínodo dos Bispos, dedicada ao Velho Continente.

A 12 e 13 maio de 2000, já com a saúde debilitada, João Paulo II regressou a Portugal, para presidir à beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto; proferiu um discurso à chegada, no aeroporto internacional de Lisboa, a homilia na Missa do 13 de maio e uma saudação aos doentes reunidos na Cova da Iria.

Na mesma ocasião deu-se o anúncio da publicação da terceira parte do chamado “Segredo de Fátima”.

João Paulo II cumpriu ainda uma escala técnica no Aeroporto de Lisboa (2 de março de 1983), a caminho da América Central, durante a qual proferiu um discurso em que apresentou Portugal como “Terra de Santa Maria”.

Bento XVI visitou Portugal de 11 a 14 de maio de 2010, para assinalar o décimo aniversário da beatificação de Francisco e Jacinta Marto, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto.

Em Lisboa, com o Tejo ao fundo, reuniu milhares de pessoas numa Missa no Terreiro do Paço; já no Porto, nova multidão acorreu à Praça dos Aliados, para a celebração eucarística que concluiu uma viagem de quatro dias, com um total de 18 intervenções.

Em 2017, aguarda-se uma visita de Francisco centrada na Cova da Iria, onde a 13 de maio de 2013 o então cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, consagrou pontificado do Papa argentino à Virgem Maria.

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