Comissão Nacional Justiça e Paz denuncia «desigualdade» na repartição de sacrifícios

Organismo católico alerta para fosso crescente entre ricos e pobres

A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) denunciou a “desigualdade” na repartição de sacrifícios em Portugal e alertou para o fosso crescente entre ricos e pobres, num comunicado divulgado hoje.

“Uma desigualdade na repartição de sacrifícios necessários que prejudique os mais pobres ofende elementares sentimentos de justiça e o princípio da solicitude preferencial pelos mais pobres que deve orientar a ação do Estado”, refere o organismo laical ligado à Conferência Episcopal Portuguesa.

A nota ‘Atenção aos mais pobres’, enviada hoje à Agência ECCLESIA, sublinha que “níveis excessivos e crescentes de desigualdade” prejudicam a coesão social e o “sentido de pertença à empresa e à comunidade global”.

Em maio, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que o fosso entre as famílias portuguesas com maiores rendimentos e as de mais baixos recursos aumentou entre 2004 e 2014, sendo que a quebra do rendimento médio da população em geral atingiu 16,5% entre 2010 e 2013,

A CNJP considera que, apesar de a redução de salários e pensões ter sido “proporcionalmente mais acentuada nos mais elevados”, a redução de apoios sociais, “precisamente quando eles eram mais necessários, provocou tal efeito”.

O comunicado cita outro estudo relativo à desproporção entre salários dos gestores e trabalhadores, que se acentuou nos últimos anos.

“A pobreza constitui uma ofensa à dignidade humana e, por isso, uma violação dos direitos humanos”, refere a CNJP.

Para o organismo católico, é urgente alertar para a necessidade de “outra atenção aos mais pobres”, também os “desprovidos de projeção mediática e força política e eleitoral”.

“Para tal, não basta a reposição de salários e pensões que continua a beneficiar mais, proporcionalmente, a classe média, nem acreditar ilusoriamente que terminou a necessidade de sacrifícios imposta pela exigência de redução das dívidas pública e privada”, conclui o documento.

A Comissão Nacional Justiça e Paz é atualmente presidida pelo jurista Pedro Vaz Patto.

(Com Ecclesia)

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