Sínodo: Secretário-geral aponta a Igreja “mais capaz de incluir os pobres, os últimos, os afastados”

Cardeal Mario Grech presidiu à recitação do Rosário, na Praça de São Pedro, pelos trabalhos sinodais

O secretário-geral do Sínodo, cardeal Mario Grech, presidiu na noite de sábado à recitação do Rosário pelos trabalhos sinodais, pedindo que dos mesmos surja uma mais Igreja “mais capaz de incluir”.

“Na primeira fase do caminho, assim como nestes primeiros dias da assembleia, emergiu com força a necessidade de uma Igreja mais capaz de incluir os pobres, os últimos, os afastados, com particular atenção aos migrantes e refugiados, que representam uma urgência do nosso tempo em todos os continentes”, disse o responsável da Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos decorre até 29 de outubro, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

O cardeal Grech deixou votos de que todos sejam capazes de “alargar os espaços eclesiais” para acolher os migrantes e refugiados, permitindo que possam “contribuir para a missão comum”.

“A atual reflexão sobre a sinodalidade não pode deixar de ter como objetivo a missão: a comunhão dos batizados com Deus e entre si, que se deve manifestar cada vez mais na participação de todos na obra de todos, tem como meta uma Igreja mais extrovertida, mais voltada para os homens e mulheres do nosso tempo, numa palavra, mais missionária”, disse ainda.

“Peçamos ao Senhor que dê ao Sínodo a coragem de tomar a cruz dos homens e das mulheres do nosso tempo, de tomar a cruz da diversidade de visões e de perspetivas, de não rejeitar a cruz da incompreensão por parte daqueles que esperam do Sínodo aquilo que o Sínodo não pode e não deve dar”.

O Vaticano adiantou aos jornalistas, este sábado, que os dias dedicados ao exame da primeira secção do ‘Instrumentum Laboris’ (documento de trabalho) levaram à realização de relatórios dos grupos de trabalho linguísticos (círculos menores), de 10 a 12 pessoas -, “aprovados por cada círculo por ampla maioria”.

Temas dos relatórios

Entre os temas que emergiram nos relatórios de cada círculo: formação em todos os níveis, dos sacerdotes, nos seminários, nas famílias; corresponsabilidade entre todos os batizados; a maneira pela qual a hierarquia pode se colocar dentro da comunhão; os participantes foram solicitados a explorar o termo sinodalidade de um ponto de vista lexical nos vários idiomas. O problema destacado não é apenas a desburocratização das estruturas da Igreja, mas a necessidade de dedicar energia para repensar novas formas e novos lugares de participação na comunhão e na história milenar da Igreja.

Os jovens e a realidade digital

Foi destacada a necessidade de envolver os jovens, por exemplo, considerando a realidade digital, para passar do conceito de poder para o de serviço, evitando qualquer forma de clericalismo. Também houve perguntas sobre o papel dos leigos e das mulheres dentro da comunhão eclesial e como a Igreja pode se colocar a serviço dos pobres e dos migrantes. O trabalho sinodal também se concentrou no relacionamento entre os dois pulmões da Igreja, o do Oriente e o do Ocidente.

Segunda-feira recomeçam os trabalhos

Os participantes da XVI Assembleia  estarão de volta à Sala Paulo VI na segunda-feira de manhã, imediatamente após a missa na Basílica de São Pedro, com a Quarta Congregação Geral que, transmitida via streaming, abordará um novo ponto do Instrumentum Laboris sobre o tema “Uma comunhão que irradia. Como ser mais plenamente um sinal e um instrumento de união com Deus e de unidade do gênero humano?”. Em seguida, será realizada a eleição dos membros da Comissão do Relatório Síntese e da Comissão para a Informação.

O briefing de sábado contou com a presença do cardeal Fridolin Ambongo Besungu, presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar (Secam), segundo o qual “ninguém veio com uma agenda para impor”.

“Sinodalidade não significa expressar opiniões pessoais, mas caminhar juntos em direção à praia onde o Senhor espera por nós”, observou o responsável, que convidou a moderar “expectativas exageradas” relativamente à assembleia sinodal.

O encontro com os jornalistas teve ainda a participação da irmã Leticia Salazar, atualmente a trabalhar nos EUA, para quem “a sinodalidade não é um conceito, mas uma experiência de ser ouvido, incluído”.

 

(Com Ecclesia e Vatican News)

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