Um rosto de amizade

Por Carmo Rodeia

O bispo de Angra preside este sábado à ordenação de um novo padre, o diácono Jacob Vasconcelos, natural de Ponta Delgada da ilha das Flores. A partir do ponto mais ocidental do arquipélago a diocese vai viver certamente um dia feliz e a comunidade florentina, em particular, vai rejubilar pela ordenação de mais um sacerdote, filho da terra.

Sobre o Jacob é difícil falar pois todas as palavras são curtas e insuficientes para o descrever. É, acima de tudo, uma pessoa singular e original e no fundo é disso que nós precisamos e que a igreja precisa para ajudar a humanidade a encontrar-se pessoal e eclesialmente com Cristo.

Esta é a vocação e há de ser a motivação fundamental do exercício do ministério que lhe vai ser confiado.

Não vou falar das qualidades pessoais, humanas e eclesiais do Jacob, que são imensas, e poderia pecar por defeito. Aproveito, antes, para dar graças a Deus  pelo facto do Jacob ter entrado nas nossas vidas (na minha vida, através do Seminário onde foi meu “aluno”), e hoje se ter transformado num amigo que, como tantos outros, escolheu viver de uma forma que o coloca disponível para acolher a todos e dialogar com todos, sem regatear tempo nem afecto.

O sorriso, a afetividade e a espontaneidade são, de resto,  um alvoroço bom de quem tem sempre o rosto escancarado de amizade.

Este domingo o Bispo de Angra presidiu à missa do jubileu da ordenação de 10 sacerdotes diocesanos. Pediu-lhes que fossem  “o amparo dos mais pobres” e “servidores de alegria” sem deixarem de ser “homens concretos”, partilhando “dúvidas e preplexidades, temores e fragilidades, mas oferecendo sempre a força que vem tão só de Deus que nunca desiste de estar no meio dos Seus filhos”.

Como recorda a Presbyterorum Ordinis, a Ordem do presbiterado torna os sacerdotes “cooperadores  para o desempenho perfeito da missão apostólica confiada por Cristo”. E, “Uma vez que participam, no que lhes toca, do múnus dos Apóstolos, recebem os Presbíteros de Deus a graça de serem ministros de Cristo Jesus entre os povos, desempenhando o múnus sagrado de evangelizar, para que os povos se tornem oblação agradáveis, santificada no Espírito Santo”.

De todas as designações com que são chamados- presbíteros, curas, sacerdotes, priores ou padres- a de que mais gosto é a de padre, porventura a mais simples mas também a mais bela.

Como acontece com os filhos, quando pensam ou se dirigem ao seu pai, não são precisos mais nomes.

Pai é uma palavra maior que qualquer nome próprio e que tem uma iluminação profunda, completa e plena.

Basta dizer pai e está tudo dito: o afecto, a relação, o dom, e até aquilo que, tantas vezes, as palavras não conseguem dizer, fica dito na palavra pai, ou na palavra padre, que é pai na fé que ajuda a acrescer e que cresce connosco, procurando ser, como recorda a bela expressão da Carta de São Paulo, colaborador da nossa alegria.

Vou rezar por ti, Pe. Jacob.

 

 

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