“A igreja doméstica não envia os filhos para a catequese; faz ela própria catequese. Nós somos Igreja em casa”, afirma padre Gregório Rocha

Foto: Igreja Açores/AS

Conselheiro da Equipa de Nossa Senhora Açores Centro orientou o último Encontro da Quaresma promovido pela ouvidoria da Praia sobre “Família Igreja Doméstica”

O Padre Gregório Rocha afirmou esta noite que as famílias sendo o primeiro espaço onde se experimenta o amor de Deus não podem deixar de cumprir a sua tarefa evangelizadora.

No quinto e último Encontro da Quaresma, promovido pela ouvidoria da Praia, sobre o tema “Família, Igreja Doméstica”, o diretor espiritual do Seminário de Angra pediu às  famílias que se desafiem.

“Precisamos de nos desafiar uns aos outros; vivemos a nossa fé fechados sobre nós próprios, muitas vezes mesmo sem ser sequer sobre a nossa família” disse, deixando uma interpelação: “a comunhão conjugal para que é que ela serve; como é que cada membro do casal se apoia um no outro, a viver a fé, a viver a relação a dois?”.

O sacerdote que é conselheiro espiritual do Movimento Equipas de Nossa Senhora salientou que  “é a forma como se vive a fé em casal que determina como se traduz a comunhão, o perdão, a aceitação nos momentos mais difíceis e isso passa aos filhos”.

“Isso é evangelização e catequese”, enfatiza.

“A igreja doméstica não envia os filhos para a catequese; faz ela própria catequese e, desta forma quando chegam à catequese da paróquia as crianças, os jovens, vão perceber que ali é a família mais alargada, a comunidade mais alargada. Eles nunca perceberão isso se não for a partir de casa, da sua comunidade de fé”.

O sacerdote, que é assistente do Centro de Preparação para o Matrimónio (CPM), insistiu na ideia de que a “família é a primeira catequista” e a partir dos Atos dos Apóstolos falou em diversos vínculos familiares que são herdeiros das primeiras comunidades cristãs, que cresceram com base no exemplo de Jesus.

“A família e Igreja estão estruturados na Santíssima Trindade; é a comunhão levada ao seu expoente máximo: a família e a Igreja são sinais visíveis desta comunhão trinitária” afirmou o padre Gregório Rocha, salientando o Amor como a marca identitária da família e da Igreja.

“Aquilo que não é comunhão não faz parte da Igreja” disse salientando que “as estruturas da Igreja têm  que ser comunhão porque a Igreja é expressão desta comunhão e isso acontece quando ela é formada por famílias que colocam ao serviço desta comunidade alargada este amor fraterno”.

“Esta vivência da filiação e da fraternidade é que fará de nós aqueles evangelizadores que construirão comunidades fundadas no amor”, referiu.

A “Igreja é esta presença viva : nós somos igreja em casa, vamos à igreja para alimentar esta presença de Cristo na nossa vida, através da Eucaristia e dos sacramentos, para continuarmos a alimentar a nossa igreja doméstica”, conclui o sacerdote.

No encontro que decorreu na Igreja das Quatro Ribeiras, o padre Gregório Rocha salientou como caminho para esta vivência de fé,  a importância de se criarem “expressões de fé em casa”, desenvolvendo momentos de oração conjunta, momentos de escuta da palavra e até de espaços para que esses momentos ocorram.

“É ai que começa verdadeiramente a evangelização da família; a igreja doméstica é a nossa casa e a nossa família; é um lugar de escuta do evangelho, da palavra de Deus mas também da palavra do outro”, adiantou.

“A comunhão com Cristo, no acolhimento, na preocupação pelos outros, na vida centrada em Jesus, são aspectos que podemos aplicar à família, que está chamada a ser um reflexo da Igreja universal”, disse ainda lamentando que hoje as famílias tenham cada vez “menos espaço” para isso.

“Nós estamos aqui porque alguém da nossa família nos passou a sua fé; se ninguém tivesse falado e testemunhado Jesus não estaríamos aqui. Nós somos fruto dessa igreja doméstica, dos nossos vós e dos nossos pais e a nossa tarefa é continuar a passar esta mensagem, continuarmos a transmitir que acreditamos em Jesus que é importante para a nossa vida”, concluiu.

Os Encontros da Quaresma foram uma iniciativa da ouvidoria da Praia  durante as cinco semanas da Quaresma, que percorreram cinco igrejas desta zona da ilha Terceira e procuraram a profundar temas relacionados com a família a partir de episódios ou figuras bíblicas.

 

( Com P. Antonio Santos)

Scroll to Top