Bispo de Angra evoca Virgem Maria como “o prodígio da graça divina”

D. António de Sousa Braga presidiu à solenidade litúrgica da Imaculada Conceição em Angra, homenageando Martins do Carmo, pelas bodas de prata do seu diaconado

O Bispo de Angra presidiu hoje no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Angra do Heroísmo, à celebração da solenidade litúrgica da Imaculada Conceição e apresentou a Virgem Maria como “o prodígio da graça divina e verdadeira porta da misericórdia de Deus”, no dia em que se assinala o inicio do Ano Santo da Misericórdia.

Maria é “mãe de ternura e misericórdia é a figura modelo da igreja” disse D. António de Sousa Braga sublinhando que “Ela é a porta da misericórdia que nos conduz a experimentar a misericórdia divina que é sempre maior que o nosso pecado”.

“Nós para sermos discípulos missionários Nossa senhora tem que ser de casa… não podemos ser discípulos missionários se nossa senhora não é de casa”, precisou o prelado diocesano, lembrando que “Como a mulher do apocalipse não nos deixa sós; assiste-nos na constante luta contra as forças do mal e nunca nos abandona e com o seu amor de mãe cuida dos irmãos do seu filho, até que sejam conduzidos à pátria feliz”, disse ainda o responsável pela igreja católica nos Açores.

Lembrou que Maria foi a primeira a ser “salva pela infinita misericórdia do Pai, como primícia da salvação que Deus quer oferecer a cada homem e mulher” e por isso “devemos olhar para Ela com amor confiante”, disse ainda.

A Imaculada Conceição “exprime a grandeza do amor divino” que “evita, antecipa e salva”.

Destacando a tentação do homem para a desobediência, que se exprime na sua vontade de orientar a vida fora dos mandamentos de Deus, D. António de Sousa Braga lembrou que ainda assim, a história do pecado “só é compreensível à luz do amor que perdoa”.

O dogma da Imaculada Conceição de Maria foi proclamado pelo Papa Pio IX, a 8 de dezembro de 1854, através da bula ‘Ineffabilis Deus’, a qual declara a santidade da Virgem Santa Maria desde o primeiro momento da sua existência, sendo preservada do pecado original.

A ligação entre Portugal e a Imaculada Conceição ganhou destaque em 1385, quando as tropas comandadas por São Nuno Alvares Pereira derrotaram o exército castelhano e os seus aliados, na batalha de Aljubarrota, e consolidaram a afirmação da identidade lusitana.

Em honra a esta vitória, o Santo Condestável fundou a igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa, e fez consagrar aquele templo a Nossa Senhora da Conceição.

Um segundo passo deu-se durante o movimento de restauração da independência que acabou com o domínio castelhano em Portugal e que culminou com a coroação de D. João IV como rei de Portugal, a 15 de dezembro de 1640, no Terreiro do Paço, em Lisboa.

O mesmo D. João IV coroou a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha e Padroeira de Portugal durante as cortes de 1646.

No final da celebração desta manhã em Angra, houve ainda tempo para homenagear o diácono Luís Rafael Martins do carmo, ordenado há 25 anos.

Professor de latim, grego, português e filosofia, no Liceu de Angra e no Seminário Episcopal de Angra, Martins do Carmo é hoje uma das vozes mais conhecidas da igreja açoriana na medida em que todos os domingos proclama o Evangelho na Sé, na eucaristia das 11h00, retransmitida através da Antena 1 Açores e do Rádio Clube de Angra.

A partir do Magnificat – “o meu cântico diário de ação de graças”- recordou o momento em que foi convidado a fazer o caminho do diaconado e agradeceu a amizade de D. António de Sousa de quem foi confrade na congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, conhecidos como dehonianos.

“São 25 anos de grande alegria por servir Jesus a partir dos irmãos. Fui ordenado para anunciar a palavra, crendo no que leio, ensinando o que creio e vivendo o que ensino” disse sublinhando que é “isso que tem procurado fazer dentro das minhas limitações”.

O diácono Martins do Carmo foi ordenado com mais dois sacerdotes que hoje são padres diocesanos.

A homenagem ao diácono Martins do Carmo foi apenas uma das iniciativas no âmbito da solenidade da Imaculada Conceição, que começou, como é hábito com um novenário iniciado no dia em que comemora a elevação da Igreja a Santuário há 28 anos.

O Novenário de Nossa Senhora da Conceição decorreu entre os dias 29 de Novembro e 7 de Dezembro com a meditação do terço, seguida de celebração eucarística e sermão.

Ontem dia 7 de Dezembro houve a Vigília com Equipas de Nossa Senhora e Oração de Vésperas. As solenidades terminam hoje, depois de uma maratona de celebrações eucarísticas que começou às oito da manhã com os escuteiros e teve como ponto alto, entre outros as eucaristias presididas pelos dois prelados diocesanos, uma ao meio dia e outra às 17h00.

O culto de Nossa Senhora da Conceição é um dos mais antigos em Angra do Heroísmo. A primeira igreja de Angra que lhe é dedicada é mandada construir em 1470, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição que o sismo de 1980 haveria de destruir.

Com a reabertura do templo reconstruído, no momento em que se celebrava o Ano Episcopal Mariano, o pedido de elevação da Igreja de Nossa Senhora da Conceição a Santuário Mariano foi feito nesse mesmo ano de 1987 pelo pároco da altura, Pe Adão Teixeira, benesse que foi concedida ainda no mesmo ano pelo Bispo de Angra, D. Aurélio Granada Escudeiro.

Desde então este é um importante santuário de peregrinação na ilha Terceira, tendo sido seus reitores os Padres Adão Teixeira, João Maria Mendes, Jorge Mendonça e, atualmente, Francisco Dolores.

É neste templo que se costumam ordenar os Diáconos no dia 8 de Dezembro.

Foi aqui também que se realizou o primeiro Encontro de Santuários Marianos Portugueses, em Novembro de 2003, altura em que renasceu a Confraria de Nossa Senhora da Conceição, criada em Dezembro de 1717 mas que no inicio do Século XX haveria de perder importância.

 

 

 

 

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