Não são os cargos que conferem reputação

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Por Renato Moura

Faleceu o Papa emérito Bento XVI. O alemão, nascido num sábado de Páscoa, baptizado com o nome de Joseph Ratzinger, partiu para a morada eterna no último dia de 2022, entre o Natal e a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus.

Joseph Ratzinger desde cedo foi notado pelos seus méritos como estudioso, pensador, professor. Sempre utilizou a admirável inteligência para investigar. Foi-lhe reconhecida a estatura intelectual, a busca da relação entre a fé e a razão, o diálogo da fé cristã com o mundo moderno. Foi filósofo com mestria na busca da verdade e um dos mais renomeados teólogos.

Importa realçar: a sua notoriedade e prestígio já existiam antes de ser nomeado cardeal, ou eleito Papa. No decurso das altas responsabilidades no seio da hierarquia católica aprofundaram-se e evidenciaram-se as suas qualidades e o trabalho teológico.

Sem se pretender, nem era possível aqui referir, ou sequer resumir a vida e obra de Bento XVI, é de justiça enaltecer que ele, na sua humildade, se empenhou para no exercício delas servir a humanidade e a Igreja. Sinal claro de mundividência: diálogo com culturas e religiões. Demonstração de reputação é o respeito e reconhecimento granjeado junto de não crentes. Fica para a história pelo que produziu e realizou; especialmente quando, sentido não ter condições para continuar como papa, renunciou a essa liderança mundial da Igreja Católica.

Que desprendimento do poder contrastante com o de tantos responsáveis políticos (mas não só), incapazes de reconhecer as suas insuficiências ou desgaste, mas ainda assim mantendo-se apegados aos lugares, procurando a fama através do cargo, mesmo mal o exercendo!

Um grande evento terá lugar, nesta Diocese, no dia 15: a tomada de posse do nosso 40.º Bispo, D. Armando Domingues. Mantenho tudo quanto escrevi, a propósito da sua nomeação, no «Igreja Açores», no dia 10 de Novembro. Reafirmo satisfação por ele nunca ter desejado ser Bispo e vir sem expectativas pessoais: parece-me ser garantia de serviço na missão. Relevante saber da reputação granjeada nos locais onde trabalhou.

Os cristãos não estão neste exílio apenas à espera do Céu. Todos os seres humanos têm direito à felicidade, à ajuda, na defesa contra omissões, abusos e prepotências dos poderes, se necessário mediante corajosa denúncia e luta. Tantos nos Açores precisam de emprego, habitação, recuperação de dependências, inclusão social; são todas áreas de especial dedicação do novo Bispo.

D.Armando afirma querer caminhar com todos. Os açorianos quererão acompanhá-lo?

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