O sinal de Deus “é a simplicidade” e não o consumismo, diz bispo de Angra

D.João Lavrador presidiu à missa da solenidade do Senhor este sábado na Igreja Matriz da Horta

O bispo de Angra, que presidiu pela primeira vez a uma celebração de Natal como bispo residencial, na Igreja Matriz da Horta, afirmou este sábado que o sinal de Deus “é a simplicidade”.

“É na pobreza, no desprendimento e na humildade que  se revela Jesus de Nazaré, o Messias esperado. O caminho para chegar até Ele é indicado por S. Paulo com as palavras que dizem: «Ele nos ensina a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos e a viver com ponderação, justiça e piedade, no mundo presente»” sublinha D. João Lavrador.

“A sobriedade e a ascese são a resposta a uma sociedade que frequentemente se manifesta embriagada pelo consumo e prazer, de abundância e luxo, de aparência e narcisismo, e faz voltar o olhar para aqueles que são os mais pobres e excluídos!” referiu o prelado.

Apresentando o nascimento de Jesus como uma verdadeira luz, o bispo de Angra afirma que toda a pessoa humana “é, efetivamente Filho de Deus”.

“A partir deste acontecimento todos os homens são convidados a deslocarem-se até à gruta de Belém e deixarem-se iluminar pela luz que brota desta criança, o Menino Deus. A inteligência humana sempre ávida de busca da verdade, do bem e do belo, é interpelada a contemplar a Jesus de Nazaré na fragilidade de um recém-nascido e reconhecê-lo como o Filho de Deus que ilumina todo o homem que vem a este mundo”, referiu.

Eis o convite que nos é dirigido também hoje e que se destina a toda a  pessoa qualquer que seja a sua condição: “deixemo-nos iluminar por esta luz que nos vem de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que nasce na nossa humanidade”.

Referindo-se, por seu lado, à necessidade de encarnação da palavra para que ela seja profética, D. João Lavrador questionou o modelo de cultura atual “que foi obscurecendo a presença de Deus na sociedade e no mundo foi desmoronando a dignidade pessoa humana”.

Aliás, o prelado destaca “a esperança que se estende a todos os homens e mulheres de hoje”.

“Todo aquele que se aproxima, aprende e se configura a este Menino Conselheiro admirável, sente-se empenhado numa nova ordem social e na construção de um novo mundo. Sonhará com o poder que se converterá em serviço à pessoa e à sociedade; promoverá a relação entre os homens assente na verdadeira fraternidade, na partilha e na entreajuda; edificará uma comunidade humana e cristã que viva da misericórdia e que acolha todo o homem com ternura e com amor”, referiu.

“Os pobres, os excluídos, os marginalizados, os doentes e os que vivem exilados ou desesperados na sua existência têm agora uma nova esperança porque através da comunidade cristã que vive de Jesus Cristo e que encarna os seus gestos em seu favor voltam a readquirir a esperança”, conclui.

“Porque Jesus nasceu, tudo muda. A sociedade e o próprio homem já não podem continuar a ser os mesmos porque uma luz veio ao encontro do homem e o amor de Deus foi derramado na história dos homens”, adiantou ainda.

“A luz do presépio convida-nos e guia-nos até à manjedoura para nos iluminar com a beleza do recém-nascido. Não podemos ficar parados. Há um esforço a fazer caminhando até onde nos conduz esta luz”, referiu.

A Missa da Solenidade do Senhor na Noite de Natal é a primeira de uma série de celebrações a que o bispo de Angra presidirá de hoje até ao ano novo.

Amanhã o bispo de Angra preside à eucaristia de Natal, ás 18h00, altura em inaugurarará a Sala do Tesouro da Igreja Matriz da Horta.

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