Pandemia confirmou o Papa como referência pela solidariedade e fraternidade global

O Papa Francisco assinala hoje o oitavo aniversário da sua eleição pontifícia, dias depois da primeira viagem internacional durante a pandemia, fase em que multiplicou apelos globais pela solidariedade e fraternidade.

O cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do agora Papa emérito, assumindo o inédito nome de Francisco; é também o primeiro Papa jesuíta na história da Igreja.

Francisco, que tem repetido mensagens em favor da paz nas várias regiões do mundo afetadas por conflitos, assume como prioridade a defesa dos cristãos no Médio Oriente, destino da sua mais recente visita internacional, a viagem ao Iraque, que aconteceu de 5 a 8 de março.

Esta é considerada por vários analistas como a mais importante do pontificado e o próprio Francisco a qualificou como “emblemática”, com vários gestos em favor do diálogo entre religiões e pelas vítimas do autoproclamado Estado Islâmico.

Em fevereiro, Francisco recebeu representantes de mais de 180 Estados, referindo-se aos conflitos no mundo e às consequências da pandemia, para afirmar que a fraternidade e a esperança “são remédios de que o mundo precisa, hoje, tanto como as vacinas”.

O Papa tem sido uma das vozes mais ativas na defesa do acesso universal à vacina contra a Covid-19, tendo ele próprio sido vacinado, no Vaticano.

O último ano fica marcado pela publicação, em outubro, da encíclica ‘Fratelli Tutti’ (Todos Irmãos), na qual Francisco traça um cenário de “sombras” para denunciar o que qualifica como “globalismo” do mercado de capitais, que responsabiliza pelo aumento de desigualdades e injustiças sociais.

O atual pontificado foi retratado no documentário ‘Francesco’, que estreou mundialmente em outubro de 2020, mostrando um Papa que “chora com a humanidade”, através de várias das viagens internacionais e alertas para a crise socioambiental.

O filme de Evgeny Afineevsky, realizador já nomeado para os Óscares, começa com o Papa a caminhar, à chuva, antes da inédita oração e bênção extraordinária ‘urbi et orbi’ de 27 de março de 2020, numa Praça de São Pedro deserta por causa da pandemia.

Esta oração tem sido referida como “símbolo” do primeiro impacto da pandemia, por crentes e não crentes, marcada pela afirmação de Francisco de que toda a humanidade estava “no mesmo barco” e só assim se poderia salvar.

Ainda em 20202, numa mensagem à 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o Papa defendeu  uma “mudança de rumo”, a nível global, depois da pandemia da Covid-19, com particular atenção aos mais novos.

A educação foi uma das áreas prioritárias, nestes últimos meses, com alertas para uma “catástrofe educativa” provocada pela pandemia, que afastou milhões de crianças das escolas e fez aumentar as desigualdades.

A 15 de outubro, o Papa lançou um ‘Pacto Educativo Global’ (Global Compact on Education), propondo sete compromissos por um mundo diferente, na promoção do diálogo ente culturas, da paz e da ecologia integral.

Outro encontro global juntou 2 mil participantes, de 120 países, incluindo Portugal, no evento online ‘A Economia de Francisco’, encerrado a 21 de novembro, pelo Papa, com o desafio à criação de uma “narrativa económica diferente”, com a ajuda das novas gerações.

Um dia antes, Francisco tinha reforçado em Roma os seus apelos a uma resposta conjunta à pandemia de Covid-19, considerando que a comunidade mundial “viaja no mesmo barco” e ninguém pode “salvar-se sozinho”.

“Só nos salvamos juntos, encontrando-nos, negociando, desistindo de combater-nos, reconciliando-nos, moderando a linguagem da política e da propaganda, desenvolvendo percursos concretos para a paz”, disse, durante uma cerimónia pelas vítimas da pandemia, que reuniu líderes religiosos e políticos no Capitólio, centro de Roma, iniciativa promovida pela comunidade católica de Santo Egídio.

A 22 de novembro, o ano do Papa voltou a cruzar-se com Portugal, quando Francisco entregou, na Basílica de São Pedro, a Cruz da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), cuja próxima edição internacional decorre em Lisboa (2023).

O Papa fez até hoje 33 viagens internacionais, nas quais visitou 50 países, passando pelo Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba, Estados Unidos da América, Quénia, Uganda, República Centro-Africana, México, Arménia, Polónia, Geórgia, Azerbaijão, Suécia, Egito, Portugal, Colômbia, Mianmar, Bangladesh, Chile, Perú, Bélgica, Irlanda, Lituânia, Estónia, Letónia, Panamá, Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Bulgária, Macedónia do Norte, Roménia, Moçambique, Madagáscar, Maurícia, Tailândia, Japão e Iraque; bem como as cidades de Estrasburgo (França), onde esteve no Parlamento Europeu e o Conselho da Europa, Tirana (Albânia), Sarajevo (Bósnia-Herzegovina) e Lesbos (Grécia).

Entre os principais documentos do atual pontificado estão as encíclicas ‘Fratelli Tutti’, sobre a fraternidade humana e a amizade social; ‘Laudato si’, dedicada a questões ecológicas; a ‘Lumen Fidei’ (A luz da Fé), que recolhe reflexões de Bento XVI; as exortações apostólicas ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho); ‘Amoris Laetitia’ (A alegria do amor), após as duas assembleias sinodais sobre a família; “Gaudate et Exsultate”, sobre o chamamento à santidade no mundo atual); “Christus Vivit”, dedicado aos jovens, após o Sínodo de 2018; e “Querida Amazónia”, na sequência do Sínodo especial dedicado a esta região, em 2019.

(Com Ecclesia)

 

Scroll to Top