Sinais de esperança

Pelo padre Hélder Miranda Alexandre

Temos um Seminário Maior na Diocese e um presbitério bastante jovem. Observamos com alegria a ação dos jovens padres, que se encontram cheios de boa vontade na sua missão que agora se inicia. Alegria e esperança pela presença de sacerdotes jovens com uma abordagem mais humana para com os paroquianos, mais aberta e interativa w com uma nova forma de partilha nas homilias tornando-as menos maçadoras. Há, presentemente, maior cuidado na preparação das homilias, na utilização de uma linguagem esclarecedora que reflete uma fé encarnada na cultura da sociedade atual e que nos torna próximos, mais iguais, e, por isso, juntos na caminhada”.

Não, a frase não é minha. Chegou-me às mãos por meio da síntese realizada a partir das questões do segundo ano da caminhada sinodal. Não pretendo, com isso, entrar em ingenuidade. Os problemas da nossa Igreja são muitos, mas também os sinais de alegria e de esperança. Acreditar na Igreja significa perscrutar os sinais do seu mistério e da sua sacramentalidade. Se assim não fosse, estaríamos mortos há muito tempo. Na verdade, a conhecida alegoria ensina-nos que as árvores quando crescem não fazem barulho, mas quando uma cai, o estrondo repercute-se por toda a floresta. O grão de mostarda, a semente lançada à terra, ou o fermento da massa são realmente o que conta para o Reino dos Céus. Ter fé significa acreditar na bondade e comprometer-se na fidelidade quotidiana.

O convite do Papa Francisco para assumirmos uma sinodalidade no modo de ser e agir, implica que o caminho a trilhar é longo, certamente árduo, mas fascinante. “Uma Igreja sinodal é um sinal profético sobretudo para uma comunidade de nações incapaz de propor um projeto partilhado, através do qual perseguir o bem de todos” (documento preparatório do Sínodo). Temos muito a interiorizar, formar e realizar, mas, ou vamos todos, ou não chegamos a lado nenhum. Há que que saber identificar as feridas, para que tenhamos a coragem de as curar, mas sobretudo temos de crescer, porque a missão não é apêndice, é essência. Somente se cresce realmente com os outros.

A fidelidade à família é importante. Não podemos fugir dela quando se torna difícil. Só então se torna interessante e cada um é preciso. Um Igreja envelhecida precisa urgentemente de gente nova que a fortaleça. Sabendo isto unimo-nos e fortalecemo-nos mutuamente” (Cardeal Martini, Colóquios noturnos em Jerusalém, p. 48).

Na verdade, a mudança na Diocese é oportunidade para que esta família cristã, dispersa por estas ilhas, se fortaleça na esperança e se renove. O dia de ontem foi mais um momento de graça desta história quase quinhentista. Dom João Lavrador bem trabalhou e “não deixou descansar”. Só o tempo avaliará o seu mandato. Pessoalmente, aqui registo o meu imenso reconhecimento, a sua proximidade e confiança. Quem quis trabalhar trabalhou. Quem ficou sentado, assim continuará. Não podemos ser como crianças que brincam nas praças – assim nos adverte o Mestre -, esperando que alguém toque flauta para dançarmos. Não há tempo para imaturidades mal resolvidas. As coisas de Deus e o bem dos irmãos são para serem levadas a sério!

Entramos na Semana dos Seminários (31 de Outubro a 1 de Novembro), como momento privilegiado para um empenho mais profundo pelas vocações sacerdotais. A renovação da Igreja depende em grande parte dos nossos padres do hoje e do amanhã. Por isso, a pastoral tem de ter uma incontornável dimensão vocacional. Não é pelo facto de ser reitor que convido ao amor pelo Seminário. Sempre o fiz, porque acredito que uma Igreja sem Seminário é mais pobre. Assim confirmam os amigos de outras Dioceses, que o perderam…  Pode e deve ser melhor, com certeza, mas também necessita de uma Igreja Diocesana que o acarinhe. Na verdade, posso testemunhar que todos os dias nos chegam gestos concretos de apoio e incentivo. Isso não é notícia, porque só o Pai do Céu conhece o que vai no coração de cada um. Queremos e sonhamos com pastores que guiem o povo de Deus, que o acompanhe no quotidiano e que também vão atrás da ovelha que se tresmalha, em ambiente de feliz sinodalidade!

 

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