Pastoral social diocesana preocupada com o elevado risco de pobreza na região

Açores registam a mais elevada taxa-28,5%- e carecem de medidas concretas no combate ao trabalho precário e à fragilidade das famílias monoparentais

A diretora do Serviço Diocesano da Pastoral social alerta para o elevado risco de exposição à pobreza que ainda se mantém nos Açores- 28,5% contra 16,9% do país- e pede medidas concretas para a população mais vulnerável, nomeadamente trabalhadores precários e famílias monoparentais.

Após uma reunião da equipa diocesana, Piedade Lalanda lembra que esta pandemia veio agravar ainda mais estes factores de risco.

“Há muitas pessoas cuja vulnerabilidade foi acentuada com a pandemia: desde logo as pessoas que vivem na rua, mas também famílias trabalhadoras, com contratos precários e famílias monoparentais” diz a socióloga salientando que a região regista, igualmente, “um aumento das doenças mentais ligadas ao consumo de estupefacientes, nomeadamente drogas sintéticas e um aumento da violência doméstica”.

“São dados significativos que exigem da nossa parte medidas concretas”.

“A sociedade açoriana tem de ser mais proactiva e eficaz. O risco de pobreza é o mais alta do país e agravou-se em 2020, isto é, mesmo com apoios sociais somos a região com maior exposição ao risco de pobreza. As famílias monoparentais, o trabalho precário são gravosos” refere a responsável alertando para a necessidade “de um olhar diferente sobre os cidadãos em idade ativa”.

“Temos de olhar para os grupos mais em risco. Os idosos são importantes, certamente mas também temos de olhar para os cidadãos em idade ativa para que tenham acesso ao trabalho e à formação. Estes processos têm de ser acelerados, com medidas concretas” referiu em declarações ao programa de rádio Igreja Açores na sequência da mensagem dos bispos europeus relativamente às consequências da pandemia.

Piedade Lalanda recorda que as paróquias “têm de ter uma mentalidade diferente”. Além do assistencialismo e da esmola devem procurar agira “em rede” com instituições que “possam garantir um apoio e ajuda mais duradoura” a quem precisa.

Em Portugal, os dados mais recentes para 2020 revelam a existência de dois milhões de pessoas em risco de pobreza e exclusão social. Portugal conseguiu retirar desta situação 721 mil pessoas, desde 2008, o que mais do que triplica a meta definida para o ano 2020: diminuir a população em risco de pobreza e exclusão social em 200 mil pessoas face ao ano 2008.

De acordo com a Pordata (base de dados desenvolvida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos), que revela estes dados no Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, em 2019, 16,2% da população residente era considerada pobre, ou seja, mais de 1,6 milhões de pessoas vivem com rendimentos inferior ao limiar de risco de pobreza (após todas as transferências sociais). “Ainda assim, este é o valor mais baixo desde 2000. As taxas mais elevadas registaram-se em 2003, 2013 e 2014 quando a pobreza atingiu cerca de um em cada cinco indivíduos. Contudo, a proporção de pobres seria de 22% caso não houvesse transferências sociais como o abono de família, as prestações de desemprego ou o rendimento social de inserção.”

 

Scroll to Top