Voluntários séniores vão divulgar património ligado às Misericórdias

Projecto da União das Misericórdias foi lançado hoje

A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) anunciou hoje que está a desenvolver um projeto para envolver voluntários seniores na divulgação do seu património cultural disperso por todo o país, numa parceria com a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Intitulado “Viver Património”, o projeto está a ser preparado através de um protocolo firmado com a DGPC e as direções regionais de Cultura do Norte, Centro, Alentejo e Algarve, na área da formação, da segurança e proteção dos espaços culturais que são património da UMP, revelou à agência Lusa o responsável pelo gabinete do património desta entidade, Mariano Cabaço.

“O projeto pretende abrir ao público o património das misericórdias, sobretudo as igrejas, alguns museus e outros espaços com o envolvimento de pessoas com alguma idade, numa ótica de voluntariado cultural, em cada comunidade, porque acreditamos que acrescentam valor, conhecem as vivências e tradições locais”, explicou.

Numa primeira fase, a UMP quer envolver os seniores e, depois, também os jovens das comunidades onde a UMP está representada, cerca de 400 por todo o país, com um espólio que reúne mais de mil imóveis de interesse histórico e arquitetónico, 82 museus e núcleos museológicos.

Possui ainda mais de 32.000 peças de arte, já registadas num processo de inventário do património móvel em curso, segundo o responsável.

“A ideia é que façam o acolhimento dos visitantes nestes espaços”, sendo estas pessoas, “anteriormente, habilitadas e credenciadas com formação”, feita em parceria com as direções regionais.

Serão as Misericórdias a identificar, nas localidades de todo o país, os seniores disponíveis para abrir estes espaços e mostrar o património aos visitantes.

No âmbito deste projeto, a UMP pretende “conjugar a mais valia do saber destas pessoas e permitir-lhes uma atividade local que aumente a sua autoestima, para que percebam que a comunidade as valoriza”, sublinhou.

Mariano Cabaço comentou que o confinamento no quadro da pandemia “está a trazer graves consequências para pessoas idosas, de isolamento, desistência de viver e falta de entusiasmo, e uma atividade destas pode dar algum apoio”.

Quando se verificar a reabertura destes espaços culturais das Misericórdias, “os turistas podem descobrir, por exemplo, igrejas com uma arquitetura diferente e tradições associadas que a Igreja matriz das localidades não tem”.

Antes que o projeto “Viver Património” avance – que se prevê para junho deste ano – a UMP está a realizar o inventário e a avaliar a adequação das normas de segurança a garantir nos espaços patrimoniais envolvidos, em todos os concelhos do país.

Ao mesmo tempo, está a desenvolver um projeto para a criação de um “Museu Virtual das Misericórdias” – uma plataforma digital com a sua história e reprodução do seu principal património, desde espaços a obras de arte – que Mariano Cabaço espera que se concretize ainda este ano.

“Queremos contar numa narrativa simples a história das Misericórdias, o seu contexto, desde a primeira, em Lisboa, surgida em 1498, num modelo que se replicou depois por todo o país”, apontou, à Lusa.

A UMP estabeleceu também um protocolo de colaboração com a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), para fomentar a qualificação dos arquivos das Misericórdias e integrá-los na Rede Portuguesa de Arquivos, através do Portal de Arquivos, com o objetivo de fazer a avaliação e tratamento dos acervos arquivísticos das Santas Casas.

(Com Lusa)

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