Clero açoriano inicia hoje três dias de formação repartidos entre Ponta Delgada, Angra e Horta

Bispo de Angra reflete com os sacerdotes prioridades do novo ano pastoral

O clero açoriano começa hoje uma formação de três dias, repartida entre Ponta Delgada, Angra e Horta, sobre as orientações diocesanas de pastoral, centrando atenções na prioridade para este ano, que se inicia a 2 de outubro.

As reuniões são divididas em duas partes: uma mais formativa e outra mais informativa e enquadradora da futura ação diocesana.

Partindo da prioridade sugerida ao prelado quer pelo Conselho Presbiteral quer pelo Conselho Pastoral Diocesano- o aprofundamento da Pastoral Social da Igreja-, a primeira parte dos trabalhos desta sessão formativa conta com duas  intervenções sobre pobreza no arquipélago pelos professores Rogério Amaro e Fernando Diogo, que apresentarão um diagnóstico da realidade social açoriana e refletirão sobre os caminhos que a igreja aponta para uma melhor intervenção social, designadamente através da Doutrina Social da Igreja.

A segunda parte, de tarde, será sempre orientada pelo bispo de Angra que fará a apresentação das linhas da ação pastoral para o próximo ano.

Esta apresentação será feita por “zonas” a saber: no dia 12 no centro Pastoral Pio XII, em Ponta Delgada abrangendo as ouvidorias de São Miguel e a de Santa Maria; no dia 13 no Seminário Episcopal de Angra, em Angra do Heroísmo com as ouvidorias da Terceira, São Jorge e Graciosa e, no dia 14 de setembro, no salão do Bom Pastor, na Horta com as ouvidorias do Faial, Pico, Flores e Corvo.

“Este modelo tem uma intencionalidade: aproximarmos o máximo a centralidade da diocese , apresentando uma proposta formativa de acordo com a realidade do arquipélago também em termos de proximidade geográfica. Agora esta formação é para sacerdotes mas no futuro queremos também que seja extensível a leigos”, referiu o bispo de Angra ao Sítio Igreja Açores.

Esta divisão antecipa uma possível reorganização diocesana avançada já pelo prelado no Conselho Pastoral Diocesano, que se realizou em São Miguel no passado mês de junho.

O “prato forte” desta formação é a Pastoral Social disse ainda D. João Lavrador.

“A igreja, sobretudo  desde o Concílio Vaticano II, tem como única intenção evangelizar e isso significa dialogar com o mundo  e o exemplo da pastoral social é apenas uma das formas que temos de o fazer” salientou o prelado lembrando que nos Açores “há uma realidade concreta marcada por vários problemas” ( e nomeou alguns: desemprego, toxicodependência, famílias desestruturadas, alcoolismo, sem abrigo), a que os poderes públicos “estão a dar respostas interessantes” mas “falta um acompanhamento que deve estar reservado à comunidade cristã”. A igreja “tem instituições e organismos que precisam ser revitalizados e as comunidades cristãs têm o dever de estar presentes e próximas dessas pessoas”, precisou ainda.

“Gostava muito que os sacerdotes interiorizassem isto- e sei que já o têm bem presente- para depois motivarem as suas comunidades a intervir de uma forma mais efetiva” sublinhou ainda D. João Lavrador.

“A igreja existe para poder oferecer o melhor que tem- o Evangelho- mas com gestos concretos”, disse frisando que “a Palavra é muito importante mas depois temos de a concretizar com gestos”.

A piedade popular, outra linha mestra das orientações pastorais para o próximo ano, ficará para outro momento formativo. Aliás, ao longo do ano e centrando atenções na formação do clero diocesano, o prelado anunciou já duas recoleções- uma no Advento e outra na Quaresma- , para além dos três turnos de retiro que ele próprio orientará (em Ponta Delgada, Angra e Pico), bem como as Jornadas Teológicas no Seminário Episcopal de Angra, em março ou ainda as celebrações da Semana Santa, que serão repartidas também pelos três principais polos diocesanos, embora a Missa Crismal seja celebrada na Sé.

Acrescente-se que também esta semana o Secretariado Nacional da Pastoral Social estará reunido em Fátima para discutir e aprofundar o papel da igreja na intervenção social. Um encontro que contará com a presença e a reflexão do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

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