Bispo de Angra exorta a igreja a não recear a “troça que lhe vem da cultura atual”

D.João Lavrador presidiu ao domingo da Serreta com a missa e procissão solenes em honra de Nossa Senhora dos Milagres

O bispo de Angra considera que à semelhança de Jesus também a igreja em geral e os cristãos em particular não devem recear a incompreensão do mundo atual.

Durante a homilia da missa solene em honra de Nossa Senhora dos Milagres, a que presidiu este domingo no Santuário da Serreta, na ilha Terceira, o prelado pediu ao mundo cristão que adopte uma atitude de misericórdia.

“Tal como a atitude misericordiosa de Jesus se contrapõe a uma sociedade que não compreende a Sua forma de Ser e de estar, também a Igreja não poderá recear a troça que lhe vem da cultura actual quando se propõe viver e transmitir a misericórdia”, disse o responsável pela igreja católica no arquipélago.

Partindo do evangelho deste domingo, D. João Lavrador sublinhou que se “Jesus Cristo teve de responder à advertência que se traduzia em escândalo de ser acusado de acolher, comer e beber com os publicanos e pecadores, hoje, alguns sectores da cultura que nos envolve desdenha da comunidade cristã que se coloque neste mesmo caminho e que traduza na sua acção os mesmos comportamentos e critérios de Jesus Cristo”.

Acompanhando o Papa Francisco na denúncia da incapacidade dos homens para o perdão, lembra que esta cultura dominante não pode prevalecer. E, apresenta o caminho: “será necessário vivermos na comunidade e servir os nossos irmãos”.

“Sim caros cristãos, se toda a nossa vida cristã é sempre comunitária e a necessitar de maior envolvimento comunitário, mais ainda, quando nos sentimos agraciados pela misericórdia de Jesus Cristo; então, o nosso olhar fixo em Jesus, cheios de alegria e de esperança, volta-se igualmente para os nossos irmãos com um desejo inexaurível de lhes oferecer misericórdia” com “um novo entusiasmo e uma acção pastoral renovada”.

E, “caminhar até ao santuário onde Maria de Nazaré nos aponta para o Seu Filho, é encaminhar os nossos passos ao encontro da Fonte onde podemos saciar a nossa profunda sede de vida, de sentido e de realização”.

“Só será possível comungar desta Fonte que é Jesus Cristo se nos dispusermos a receber da Sua misericórdia e a partilhá-la nos nossos gestos e comportamentos junto dos nossos irmãos” precisou o prelado.

“Já de longa data os caminhos desta Ilha Terceira, partindo das diversas localidades, são trilhos por onde, entre oração, dor e esperança, os peregrinos percorrem as sendas que levam até ao encontro com a Mãe do Céu” referiu o bispo de Angra lembrando que quem os trilha fá-lo “na confiança de alcançar as graças que procuram para sua vida, dos seus familiares ou de outras pessoas que lhe estão próximas”.

“Podemos dizer que são os caminhos da penitência e da misericórdia” qualificou o prelado.

Durante a homilia lembrou, ainda, uma das missões deste Santuário que aquando da sua criação há dez anos, “ficou com a obrigação de orar pelas vocações sacerdotais e por isso, muito ligado ao nosso seminário”.

“Colocamos, deste modo, aos pés de Nossa Senhora os nossos sacerdotes, os nossos seminaristas, os jovens que se interrogam pela vocação sacerdotal e os formadores do nosso Seminário, implorando a Maria de Nazaré, Nossa Senhora da Serreta que a todos abençoe e derrame as suas graças”, concluiu.

As festas em honra de Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta, são as mais importantes e participadas festas religiosas de verão da ilha Terceira, fazendo congregar, sobretudo durante esta semana, milhares de peregrinos que percorrem a ilha a pé até ao Santuário.

Amanhã celebra-se a chamada segunda feira da Serreta e na terça feira a procissão em honra de Santo António termina este período de festa.

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