Utilização “adulta” e “consciente” é um imperativo para a presença da Igreja nas redes sociais

V Jornada Diocesana de Comunicação debate Redes Sociais: Itinerários para um encontro, em Angra

As redes sociais são uma “enorme chance para a Igreja” afirmou esta noite Jorge Wemans, Provedor do Telespetador da RTP, na conferência que proferiu sobre a “Rede que temos: da metáfora do desencontro a um lugar de encontro”, tema do primeiro dia da V Jornada diocesana de Comunicação que se prolonga esta noite, no Seminário Episcopal, em Angra.

“As redes sociais são um palco para expormos a nossa fé, dando a conhecer as razões da nossa esperança e mostrando Jesus Cristo” disse o jornalista que sublinhou a inevitabilidade da igreja estar na rede porque ela constitui “a nova linguagem”.

“Podemos ver os perigos que as redes comportam, mas não podemos colocar-nos de fora, como os copistas fizeram quando chegou a imprensa”.

“A nossa sociedade perdeu as referências e hoje olha-se pouco para o púlpito. As redes são uma oportunidade para estarmos no mundo e comunicarmos nele”, esclareceu ainda.

Jorge Wemans identificou alguns dos problemas que as redes colocam e para os quais a Igreja tem de estar particularmente atenta como “o efeito da bolha” ou os ataques “à credibilidade das instituições”, mas ressalvou que, mesmo cientes da “violência” que contamina o espaço público que as redes oferecem “não podemos ficar de fora” daquela que “é uma grande chance para a Igreja”. E deixou sete pontos para este caminho: uso responsável das redes sociais, influência nos conteúdos partilhados, mostrar obra boa, construir memória do património cristão, participação e organização de debates na rede, expor as comunidades cristãs na rede, promover o encontro e expor a fé sem medo.

“Se queremos uma nova evangelização é aqui que a devemos fazer”, concluiu o palestrante.

A esta visão mais otimista do jornalista que desafiou os cristãos a expressar a sua fé de forma adulta, porque “é uma tarefa de todos”, a professora Hélia Guerra, da Universidade dos Açores, alertou para os perigos- sobretudo a segurança- na rede.

Perante uma assembleia composta por agentes da pastoral catequética e familiar, professores e profissionais da comunicação social, a oradora sublinhou o potencial da 4ª revolução industrial que “se está a iniciar”- marcada pelo ritmo vertiginoso da produção e partilha de conteúdos- e destacou a necessidade de um uso “consciente da rede”.

“Aprender primeiro e utilizar depois é o grande desafio” referiu Hélia Guerra lembrando que para isso é preciso estar “offline”, de vez em quando, para melhor discernir.

“As redes sociais marcam presença neste mundo mas o seu desconhecimento ainda é muito grande: temos acessos, estamos disponíveis para entrar na rede, somos colaborativos mas, verdadeiramente, ninguém sabe o que se passa efetivamente na rede”, alertou a professora, especialista em computação.

A docente da Universidade dos Açores lembrou, ainda, que “o controlo do tempo, a segurança e a privacidade” são elementos a ter em conta, sobretudo quando se trata de acompanhar e mediar a atividade de crianças e jovens.

“Sem literacia digital não chegamos lá. É fundamental educar para o digital”, concluiu a docente.

A V Jornada Diocesana de Comunicação prossegue esta noite no Seminário Episcopal de Angra, a partir das 20h30.

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