O dever e o direito… ao respeito

Por Renato Moura

Respeito pode definir-se como consideração por alguém ou por alguma coisa. Respeitar as pessoas implica, pelo menos, garantir aos outros a liberdade de pensar, de sentir, de se exprimir, de discordar; de aceitar as suas formas de agir. Não seria o respeito suficiente para impedir a intolerância e a discriminação e assim também diminuir os conflitos?

Poderemos contribuir para sermos respeitados, se formos coerentes nos valores, em vez de tentar impor as nossas ideias como se fossem as únicas razoáveis e possíveis.

Augusto Cury legou-nos: “O sonho da igualdade só cresce no terreno do respeito pelas diferenças”. O escritor e Nobel da literatura José Saramago confessou: “Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro”.

Analisando profundamente as vertentes do funcionamento da sociedade, sejam elas culturais, políticas, religiosas, económicas, laborais, desportivas ou simplesmente de relação entre os membros da comunidade, perceberemos como muitas estão valorizadas pelo respeito, mas outras destruídas pela afronta. Um desafio interessante, porventura útil à humanidade, seria tentar perceber se em tudo à nossa volta há respeito, se tudo quanto nos é proposto ou imposto teve em conta o nosso direito ao respeito; se somos capazes de discernir em cada momento, se temos capacidade para nos proteger e defender.

Mas o respeito tem de ser bilateral: não é só um direito, mas um dever recíproco. Então o desafio analítico não se resume aos outros; antes deve ser uma análise séria, exigente e consequente dos nossos próprios comportamentos enquanto agentes aos diversos níveis. Retenhamos do Padre António Vieira: “O não ter respeito a alguns, é procurar, como a morte, a universal destruição de todos”.

As entidades públicas deveriam sentir-se sempre obrigadas a cada postura ou decisão suas passarem pelo filtro do respeito. Seria um desafio colectivo de enorme relevância e eficácia, purificador das atitudes individuais dos intervenientes. Evitaria discriminações injustas: de contribuintes e beneficiários; de partidários e opositores; de parceiros e concorrentes; de partidos e organizações religiosas.

Será que o programa da disciplina de Educação para a Cidadania e Desenvolvimento passou pelo filtro do respeito?

Para Simone de Beauvoir “Quando se respeita alguém não queremos forçar a sua alma sem o seu consentimento” e para Raul Brandão “O respeito pelos pais só resiste enquanto os pais respeitem o interesse dos filhos”.

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