As relações sociais e familiares não podem ser postas em causa por causa de bens materiais, afirma Administrador Diocesano

O sacerdote presidiu esta manhã na Sé, onde é pároco há 23 anos

O cónego Hélder Fonseca Mendes afirmou esta manhã na Sé de Angra, na homilia da missa dominical a que presidiu, que as relações sociais e familiares não deve ser sacrificadas por causa de contendas materiais.

“Não vale a pena perder muito tempo(…) muito menos perder valores como a paternidade, maternidade, filiação, fraternidade, amizade, justiça para sempre por causa de qualquer porção de terras, casas ou de dinheiro” afirmou o sacerdote.

A partir da liturgia hoje proclamada, na passagem do Evangelho de Lucas sobre a tentação de se sobrevalorizar os bens materiais, nomeadamente os perigos da avareza e da idolatria, o Administrador Diocesano sublinhou que no cerne do problema “não é tanto um juízo necessariamente negativo das riquezas por causa dos perigos que representam, mas sobretudo mostra que os bens de aqui ou de cá são estritamente vaidade, isto é, terminam com a morte. E não passam mais além”.

O sacerdote lembrou a constituição conciliar Gaudium Et Spes para sublinhar que a vida não depende do que se possui, mas sim dos bons relacionamentos com Deus, com os outros e também com os que menos têm.

“O homem vale mais por aquilo que é do que por aquilo que tem. Tudo o que o homem faz para conseguir mais justiça, mais fraternidade, uma organização mais humana das relações sociais, vale mais do que os progressos técnicos” afirmou citando o documento conciliar.

“Todos os bens temporais são relativos, transitórios, não procuram a felicidade plena a que pode aspirar o coração humano, ou pelo menos não a realizam” disse ainda.

“Não se trata de uma questão estrita do dinheiro e de combate aos ricos, mas sobre o significado relativo ao que consideramos enriquecimento humano: a cultura, as viagens, as férias, o bem-estar, o reconhecimento pessoal, etc. Todas estas realidades positivas devem ser consideradas «reservas escatológicas», não a última palavra, isto é, na sua condição de não definitivas, tal um museu que tem a sua exposição permanente e as suas reservas”, disse.

O sacerdote terminou a homilia invocando são João XXIII, pedindo a sua intercessão para que, sobretudo os cristãos, possam chegar “à sabedoria do coração”, isto é, a darem mais valor à amizade com Deus do que ao dinheiro e aos bens materiais.

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