“Nem sempre é fácil”, admite Francisco, associando-se ao Jubileu dos Doentes e do Mundo de Saúde

O Papa evocou hoje, num texto lido no Vaticano, as dificuldades do seu atual estado de saúde, assumindo um momento de fragilidade e dependência da ajuda dos outros.
“Convosco, queridos irmãos e irmãs doentes, neste momento da minha vida, estou a partilhar muito: a experiência da doença, de me sentir frágil, de depender dos outros em tantas coisas, de precisar de apoio”, refere Francisco, na homilia que preparou para a Missa do Jubileu dos Doentes e do Mundo de Saúde, celebrada na Praça de São Pedro.
“Nem sempre é fácil, mas é uma escola na qual aprendemos todos os dias a amar e a deixarmo-nos amar, sem exigir nem recusar, sem lamentar nem desesperar, agradecidos a Deus e aos irmãos pelo bem que recebemos, abertos e confiantes no que ainda está para vir”, acrescenta o texto, lido pelo presidente da celebração, D. Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, perante milhares de pessoas.
O arcebispo italiano saudou Francisco, no início da celebração, dirigindo-se a todos os presentes.
“A poucos metros de nós, o Papa Francisco, desde o seu quarto, em Santa Marta, está particularmente próximo de nós e está a participar, como tantas pessoas doentes, frágeis, nesta Santa Eucaristia, através da televisão”, disse, sendo interrompido por uma salva de palmas da multidão.
“Estou particularmente feliz e honrado por oferecer a minha voz para ler a homilia que ele preparou para esta ocasião”, acrescentou.

O Papa regressou à Casa de Santa Marta no dia 23 de março, após o maior internamento do atual pontificado, iniciado a 14 de fevereiro, no Hospital Gemelli, na sequência de uma infeção polimicrobiana das vias respiratórias, que se agravou para uma pneumonia bilateral.
“Não há dúvida que a doença é uma das provas mais difíceis e duras da vida, durante a qual tocamos com a mão o quanto somos frágeis”, assinala a homilia.
Francisco admite que, nos momentos de dor, é possível sentir-se “privados de esperança no futuro”.
“Nesses momentos, Deus não nos deixa sozinhos e, se nos abandonarmos a Ele, precisamente onde as nossas forças falham, podemos experimentar a consolação da sua presença”, sustentou.
“Mas não só! Com o seu amor cheio de confiança, Ele envolve-nos para que, por sua vez, nos tornemos nós mesmos, uns para os outros, ‘anjos’, mensageiros da sua presença, a tal ponto que tanto para quem sofre como para quem presta assistência, a cama de um doente se pode transformar, muitas vezes, num ‘lugar santo’ de salvação e redenção”.
A homilia apresentou o quarto do hospital e a cama da doença como “lugares para ouvir a voz do Senhor” e “renovar e fortalecer a fé”.
Francisco citou o Papa Bento XVI, que deixou um “belíssimo testemunho de serenidade durante o período da sua doença”.
“Caríssimos, não afastemos da nossa vida aqueles que estão fragilizados, como por vezes hoje, infelizmente, faz um certo tipo de mentalidade, nem ostracizemos a dor dos nossos ambientes”, apelou.
O Vaticano acolheu, desde sábado, 20 mil peregrinos para o Jubileu dos Doentes e do Mundo da Saúde, o sétimo grande evento do Ano Santo 2025.
Entre os participantes estão doentes, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, profissionais e técnicos de saúde, provenientes de mais de 90 países.
O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.
(Com Ecclesia e Vatican News)