Homilia deixa mensagem de esperança, ligando celebração ao Jubileu e aos trabalhos que a Igreja diocesana vai ter na próxima semana
O bispo de Angra sublinhou hoje na homilia da Vigília Pascal a importância da ressurreição de Jesus, num mundo dominado pelo secularismo, e apelou à coragem e ao empenho dos cristãos como “mensageiros de esperança”.
“Neste mundo dominado pelo secularismo e até já descristianizado, em que as pessoas pouco rezam e vão muito menos à igreja, em que parece ter-se perdido a fé herdada dos pais (…) que cada um encontre a coragem de regressar sempre à Galileia, ao primeiro amor, às verdadeiras motivações que trouxeram os nossos passos até este lugar abençoado!”, afirmou D. Armando Esteves Domingues.
“Regressemos lá sem medo de recomeçar cada dia a lutar contra todas as negatividades existenciais, não com as nossas forças, mas com a força d’Aquele que venceu até a morte. Sim, com fé, continuemos a cantar o Aleluia!” afirmou, incentivando todos os diocesanos a fazer como os discípulos, sobretudo as mulheres, que permaneceram, acreditaram e foram anunciar a boa nova de que Cristo está vivo.
“É isto a Igreja a nascer e a crescer, pessoas que vão ao encontro, que geram outras vidas, que contam a esperança que as habita” afirmou o prelado sublinhando a importância que a boa nova da ressurreição tem hoje, não como uma meta ou um objetivo triunfalista mas como uma fé humilde, de plena conversão.
“Vivei e contai quem é o Ressuscitado para vós” enfatizou o prelado encorajando todas as famílias cristãs, sem esquecer os açorianos da diáspora, a darem testemunho deste Jesus, que não contornou o calvário nem teve um caminho fácil, a colocar a sua história pessoal e o caminho da humanidade “nas mãos de Deus”, fazendo da vida “uma presença de esperança”.
“Sois enviados a contar, pessoa a pessoa, que Cristo vive em vós”, disse o prelado.
Por isso, pediu: “Que o nosso Aleluia irrompa do nosso coração como Cristo Ressuscitado do interior da terra, onde tinha sido sepultado como semente lançada à terra, e donde irrompeu, nesta primavera de vida que enche de esperança toda a criação. Um Aleluia cantado com toda a Igreja nesta Páscoa especial, com um Papa convalescente, mas seguro, vivo, quase renascido”, acrescentou, referindo-se à coincidência da data da celebração da Páscoa em todo o mundo cristão.
“Um Aleluia cantado com todos os nossos irmãos de outras denominações cristãs e especialmente os Ortodoxos que celebram a Páscoa, após 400 anos, no mesmo dia que nós. São os 1700 anos do Concílio de Niceia, um acontecimento histórico que marca a unidade dos cristãos na mesma fé em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem como acreditamos e rezamos”, prosseguiu.
A Vigília começou no átrio da Catedral com a bênção do fogo e o acendimento do lume novo e do círio pascal trazido até ao altar pelo pároco da Sé, que também cantou o Precónio pascal.
“Neste ano de Jubileu, olhamos com esperança para o papel único que a Igreja é chamada a desempenhar, também na nossa Região e Diocese” disse ainda D. Armando Esteves Domingues.
“A Ressurreição não é apenas glória e esplendor — é também vulnerabilidade, espanto, recomeço. É a vida que insiste. É a esperança que não morre” disse dirigindo-se a todos aqueles que “sofrem e não vêm a luz da esperança que brilha em Cristo Ressuscitado”, como os presos, os doentes ou os que vivem sem fé.
“Alguns grandes do mundo prefeririam uma `igreja da prosperidade e do poder´, como se os ricos fossem os escolhidos do Senhor, os pobres culpados das desgraças e o Sermão da Montanha nunca tivesse sido proferido”, constatou, mas a igreja do ressuscitado convida a ser “misericordiosa como o Pai, pobre e serva como o Filho, Santa como o Espírito Santo”, preocupada “em recuperar as pessoas”.
“Nesta próxima semana, estaremos reunidos membros de todo o povo de Deus, em Conselho Diocesano, para traçarmos algumas linhas mestras até aos 500 anos da diocese em 2034. Não são os projetos que salvarão a Igreja, embora deles precisemos, não são as estruturas necessárias para a evangelização que nos levarão ao céu, será isso sim a assistência do Espírito Santo que só acontecerá se nos abrirmos a Ele e nos convertermos. Se formos pessoas novas, convertidas!” afirmou pedindo oração.
“Peço a todos que, por caridade e forma de também construirdes este nosso encontro diocesano, que rezeis por nós. Peço aos doentes que se unam a nós com a sua cruz e oração, peço às comunidades que se reúnam em oração a pedir a assistência do Espírito Santo. Como nunca, precisamos de caminhar juntos, unidos na fé, mas também na oração e comum missão”, concluiu.
A Igreja Católica celebra nas últimas horas deste sábado e nas primeiras de Domingo de Páscoa o principal e mais antigo momento do ano litúrgico, assinalando a ressurreição de Jesus, elemento central da fé cristã.
Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a bênção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a série de leituras sobre a História da Salvação; a renovação das promessas do Batismo, por fim, a liturgia Eucarística. Este ano não houve batismos na Sé.
A Eucaristia de Domingo de Páscoa, às 11h00, voltará a ser presidida pelo bispo de Angra.