Reunião pretende refletir sobre a forma de ser Igreja e o papel desta Igreja na construção da sociedade açoriana do século XXI
Em ambiente de oração e comunhão com a Igreja universal e de luto pelo Papa Francisco, começou hoje em Ponta Delgada a primeira de duas assembleias fundamentais para a reflexão sobre a forma de ser Igreja nos Açores, os desafios à comunhão eclesial e o papel da Igreja na construção da sociedade açoriana.
De 21 a 24 de abril, a reunião do Conselho Presbiteral estará centrada no papel do padre na sociedade atual- problemas, oportunidades e desafios-, tema sugerido o ano passado pelos conselheiros, no final do último Conselho Presbiteral, e de 24 a 25 de abril, será o tempo da Assembleia Conjunta que reúne os membros do Conselho Presbiteral e os do Conselho Pastoral Diocesano, dois dos principais órgãos de consulta do bispo, que são a expressão da vivência concreta desta comunhão.
“Neste ano do Jubileu da esperança, vamos refletir sobre o papel que a Igreja é chamada a desempenhar na nossa Diocese” afirmou na Vígilia Pascal D. Armando Esteves Domingues, pedindo oração para os trabalhos do Conselho Presbiteral e da Assembleia Conjunta do Conselho Presbiteral e Conselho Pastoral Diocesano, que vai refletir sobre o projeto pastoral da diocese para os próximos 9 anos, até 2034, data em que a diocese de Angra completa 500 anos da sua fundação.
“Não são os projetos que salvarão a Igreja, embora deles precisemos, não são as estruturas necessárias para a evangelização que nos levarão ao céu, será isso sim a assistência do Espírito Santo que só acontecerá se nos abrirmos a Ele e nos convertermos. Se formos pessoas novas, convertidas! Peço a todos que, por caridade e forma de também construirdes este nosso encontro diocesano, que rezeis por nós” prosseguiu na homilia.
“Como nunca, precisamos de caminhar juntos, unidos na fé, mas também na oração e comum missão”, concluiu.
Já antes, em declarações ao Sítio Igreja Açores, o prelado tinha sublinhado o que está em causa nesta Assembleia conjunta que reúne os membros dos dois conselhos que têm por missão auxiliar o bispo.
“O que vamos fazer é uma concretização do laboratório da sinodalidade, isto é, a partir desta comunhão do Povo de Deus iremos avaliar e refletir sobre o futuro. Sem isso de pouco valerão os esquemas, as estruturas e as iniciativas. Esta reflexão tem de ser feita a partir do conjunto, todos juntos” refere o Bispo de Angra.
O coordenador do Secretariado Permanente do Conselho Presbiteral, padre Dinis Silveira, adianta, por seu lado, que este órgão irá tratar “aquilo que é a vida dos sacerdotes na nossa diocese e a sugestão veio do conselho do ano passado. Debater, refletir e encontrar caminhos para as dificuldades que se apresentam e que são muitas, olhar para as dificuldades e para a hora presente da história na vida da Igreja e da Diocese e depois encontrar as soluções”.
O sacerdote recorda que as mudanças no tecido geográfico e social da diocese exigem novas respostas, que oscilam entre “o que é necessário e o que é possível” pois o mais importante é que “as respostas aos problemas sejam refletidas e adequadas e não obedeçam apenas a questões de régua e esquadro”.
“Temos sacerdotes muito novos que precisam ser acompanhados, há comunidades muito pequenas que não podem funcionar como sempre funcionaram e há que ter em conta as realidades das comunidades e a realidade de cada sacerdote de forma a poder adequar uma e outra”, disse ainda o sacerdote.
“Queremos que seja possível entender a pessoa, o sítio e a sua geografia de forma a que a atividade pastoral seja profícua”, explicitou o padre Dinis Silveira.
Este ano, os dois secretariados permanentes trabalharam em conjunto a preparação da Assembleia que junta os dois Conselhos.
“É um caminho feito em conjunto que não anula identidades mas que é preciso ser feito atendendo até á realidade concreta da nossa Igreja” explica ainda.
No Conselho Presbiteral participam apenas sacerdotes; no Conselho Pastoral Diocesano estão representadas todas as estruturas diocesanas, a saber, Conselhos Pastorais de ouvidoria, representados por leigos, Serviços e Movimentos de Apostolado e outros órgãos da Igreja diocesana.
A Diocese de Angra estará, dentro de dez anos, a celebrar meio milénio de existência, uma quarta parte da História da Igreja Universal. Isto é um marco.
“Queremos programar coisas, por etapas; queremos pensar nos vários triénios mas sempre abertos à novidade que o Espírito Santo possa fazer surgir da Igreja Universal ou da Igreja Local” sublinha, por seu lado, D. Armando Esteves Domingues que deseja assim acentuar a dimensão sinodal da vida da Igreja: um caminho conjunto pensado por todos e concretizado por todos.
“A comunhão gera corresponsabilidade e ambas são essenciais para a vida da Igreja”, sublinha.
A diocese é assim convidada a caminhar em conjunto para que essa data que lembra a sua fundação– 3 de novembro de 1534- seja um verdadeiro ponto de chegada e de partida que transforme para melhor toda a vivência diocesana.
O esquema de trabalho sobre o qual se debruçarão os cerca do 70 conselheiros, representantes das estruturas eclesiais da diocese de Angra, num programa exigente e que decorrerá segundo o método da conversação do Espírito tal como aconteceu nas duas sessões da 16ª Assembleia do Sínodo sobre Sinodalidade, em Roma, resulta de um longo trabalho que já vem do passado e fruto de uma longa auscultação, sensivelmente desde 1990 até hoje e que tem sido vivido com entusiasmo e dedicação de todos, leigos, consagrados e sacerdotes, movimentos e serviços, paróquias e ouvidorias, procurando sempre envolver todos.
Não é a primeira vez que se concretiza uma Assembleia conjunta na diocese de Angra, mas o que está em causa desta vez é a construção da base do Projeto Pastoral para os próximos nove anos, refletindo a partir dos três eixos fundamentais da vida da Igreja: o anúncio, a caridade e a celebração.