“As migrações são uma oportunidade” afirma responsável pela Obra Católica Portuguesa das Migrações

Eugénia Costa Quaresma alerta para a necessidade de “saber lidar” com as migrações forçadas e a as espontâneas que são diferentes

Foto: Secretariado Nacional da Pastoralda Cultura

A criação de estruturas de hospitalidade é importante para o acolhimento dos migrantes mas há questões legais e operativas por parte dos poderes públicos que importa acautelar seja no tratamento da migração forçada seja no tratamento da migração espontânea, “que são diferentes”, afirma a diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações, que participou esta sexta-feira num colóquio organizado pela Pastoral das Migrações na diocese de Angra e foi entrevistada pelo programa de rádio Igreja Açores.

“Há dificuldades reais no terreno, nomeadamente dificuldades de comunicação com a AIMA, a má informação, as pessoas que não sabem onde se dirigir, aquilo que é muito específico e que é preciso ter em conta, e portanto, politicamente é preciso estar atento a esta realidade para encontrar melhores soluções”, afirma Eugénia Costa Quaresma.

“Se todos fizermos bem o trabalho tudo poderá correr bem” afirma ainda numa entrevista que vai para o ar este domingo, depois do meio dia na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra.

“Nós temos de desenvolver boas práticas de hospitalidade, boas práticas de proteção dos mais vulneráveis, boas práticas da promoção da pessoa, da família, dos valores humanistas, boas práticas de diálogo, boas práticas de reconciliação, que também podem e devem acontecer, boas práticas da promoção da justiça e da paz, boas práticas de desenvolvimento, olhar para o migrante como um ator, como um protagonista na nossa sociedade, que ajuda a construir” afirmou a dirigente.

“Os migrantes e os refugiados estão aqui não só por uma razão pessoal, mas também querem ser atores, construtores da nossa sociedade e termos estruturas e políticas que ajudem a que isso aconteça é muito importante, para chegarmos ao último verbo que é integrar e incluir, reconhecer a cidadania a todos os níveis, incluindo na Igreja”, acrescenta ainda lembrando que esta também é uma questão importante.

“A mudança de mentalidade e o contrariar as narrativas anti-imigração promovendo o encontro, desmistificando, dando a conhecer as histórias” é um passo importante, diz ainda pedindo que dentro das comunidades, sobretudo as açorianas, onde deve haver um entendimento mais claro sobre o papel dos migrantes, dado que a emigração sempre foi uma realidade presente na vida insular, se olhe “para os migrantes como aqueles irmãos e irmãs que nos ajudam a construir e a melhorar aquilo que nós já temos na nossa casa”.

Relativamente às últimas notícias sobre a alegada ordem de expulsão de muitos imigrantes afirma que “é importante ajudar a população a perceber que as notificações para expulsão sempre existiram” mas entre a notificação e a expulsão há um “período de contraditório” que permite “recorrer e provar que aquela pessoa que foi notificada tem condições para permanecer em Portugal”.

“A Igreja tem procurado ajudar a tranquilizar, outro passo que é importante dizer é que há algumas instituições da Igreja, algumas IPSS, algumas Cáritas, que têm estruturas de apoio para ajudar a resolver e a orientar estes casos”, referiu.

“As migrações são uma oportunidade, mas temos que lidar também com a questão das migrações forçadas e com as migrações espontâneas que exigem respostas diferentes” explicitou ainda numa entrevista que vai para o ar este domingo depois do meio dia e fica disponível também aqui no sítio Igreja Açores.

“Em igreja nós vemos os migrantes como aqueles irmãos que nos ajudam a arrumar a casa, não têm que ser os bodes expiatórios dos problemas sociais que já existem, mas podem ajudar-nos a lidar de melhor forma com aquilo que tivemos mais dificuldade até hoje”, conclui.

Nesta entrevista Eugénia Costa Quaresma faz ainda uma primeira apreciação do novo Papa: “Gostei de o ouvir, com esta exultação a construir a paz, a sermos mais dialogantes, construtores de pontes, que vem muito em linha daquilo que é a Pastoral das Migrações e daquilo que pretendemos fazer em cada território, não só enquanto instituição e igreja, mas enquanto cada cristãos comprometidos somos chamados a fazer(…) é um sinal de esperança, sim”.

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