Patriarcas de Jerusalém denunciam ataques contra única cidade cristã na Cisjordânia ocupada

O Conselho dos Patriarcas das Igrejas de Jerusalém pediu hoje à comunidade internacional que tome medidas contra a violência dos colonos israelitas em Taybeh, única cidade cristã na Cisjordânia ocupada.

“Nós, o Conselho dos Patriarcas e Chefes das Igrejas de Jerusalém, estamos hoje aqui em Taybeh em solidariedade com a comunidade local, após uma tendência crescente de ataques sistemáticos e direcionados contra eles e a sua presença. Pedimos as orações, a atenção e a ação do mundo, particularmente dos cristãos em todo o mundo”, refere uma declaração conjunta, divulgada pelo Patriarcado Latino de Jerusalém (Igreja Católica).

“Pedimos aos diplomatas, políticos e responsáveis eclesiásticos de todo o mundo que levantem a sua voz em oração e de forma veemente pela nossa comunidade ecuménica em Taybeh, para que a sua presença seja assegurada e possam viver em paz”, acrescenta o texto.

A nota foi apresentada em conferência de imprensa, após a visita dos líderes cristãos à localidade.

“A cada dia fica mais claro que não há lei. A única lei é o poder”, disse aos jornalistas o patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa.

Em causa estão ataques de israelitas que habitam os colonatos ilegais nos arredores de Taybeh.

“Na segunda-feira, 7 de julho de 2025, israelitas radicais de assentamentos próximos atearam fogo intencionalmente perto do cemitério da cidade e da Igreja de São Jorge, que remonta ao século V. Taybeh é a última cidade totalmente cristã remanescente na Cisjordânia”, refere a declaração conjunta.

“Estas ações são uma ameaça direta e intencional à nossa comunidade local em primeiro lugar, mas também ao património histórico e religioso dos nossos antepassados e locais sagrados. Perante tais ameaças, o maior ato de coragem é continuar a chamar este lugar de lar. Estamos convosco, apoiamos a vossa resiliência e têm as nossas orações”, afirmam.

Os patriarcas e chefes das Igrejas de Jerusalém defendem que a Terra Santa deve ser “um mosaico de diferentes credos, vivendo pacificamente juntos com dignidade e segurança”.

A mensagem apela às autoridades israelitas, “que facilitam e permitem a presença destes radicais em Taybeh, para que os responsabilizem pelos seus atos”.

“Mesmo em tempos de guerra, os lugares sagrados devem ser protegidos. Apelamos a uma investigação imediata e transparente sobre o motivo pelo qual a polícia israelita não respondeu às chamadas de emergência da comunidade local e por que estas ações abomináveis continuam impunes”, acrescentam.

Segundo os responsáveis, em junho várias casas foram atacadas por radicais, que atearam fogos e ergueram um cartaz que dizia ‘não há futuro para vocês aqui’.

“Os ataques perpetrados pelos colonos contra a nossa comunidade, que vive em paz, devem cessar, tanto aqui em Taybeh como em qualquer outro lugar da Cisjordânia. Isto faz claramente parte dos ataques sistemáticos contra os cristãos que vemos a desenrolar-se em toda a região.”

O rei Abdullah II, da Jordânia, emitiu hoje uma declaração de solidariedade em que “condena os ataques brutais recentemente perpetrados por colonos extremistas contra a Igreja de São Jorge (al-Khadr) e o cemitério cristão histórico na cidade de Taybeh, a leste de Ramallah”.

O monarca “denuncia o ato dos colonos de atear fogo às árvores dentro do cemitério, numa violação flagrante da santidade dos mortos, dos locais sagrados cristãos e da presença cristã na Terra Santa”.

(Com Ecclesia e Vatican News)

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