
A Cáritas Portuguesa lançou uma nova campanha de solidariedade com o objetivo de “reforçar a capacidade de resposta” junto das famílias em situação de vulnerabilidade no país.
“Face à realidade presente do número de famílias em situação vulnerável, o foco desta campanha está em garantir apoios de emergência eficazes e imediatos, através do programa ‘Inverter a Curva da Pobreza’ que tem como objetivo evitar o agravamento das situações de fragilidade social”, assinala a organização católica, em nota citada pela Agência Ecclesia.
O programa ‘Inverter a Curva da Pobreza’ apoiou mais de 42 mil pessoas ao longo dos últimos quatro anos, através do pagamento de despesas pontuais e atribuição de vales de aquisição de bens, sendo uma resposta essencial para aqueles que, por diversos motivos como o desemprego, a doença ou a falta de rendimento, se encontram em risco de exclusão social.
“Escolhemos fazer esta nova campanha com base em testemunhos reais de pessoas que são apoiadas pela rede nacional Cáritas. Numa altura em que parece que tudo passa pela Inteligência Artificial, quisemos que o impacto da nossa ação fosse testemunhado por aqueles que diariamente lutam contra a pobreza”, refere Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa.
“Esta é a missão da Cáritas: ajudar pessoas reais e com elas inverter situações de vulnerabilidade. Ao apelar a todos para que nos ajudem a reforçar a nossa missão, acreditamos estar a abrir a nossa porta a todos os que, de tantas formas, querem contribuir para que o mundo seja um lugar melhor e de oportunidades para todos. É um apelo à confiança para que continuem a acreditar na Cáritas e não desistam de acreditar que é possível transformar vidas”, acrescenta a responsável.
A campanha inclui uma componente de apelo direto à solidariedade com várias formas de apoio financeiro acessíveis à população:
Transferência bancária: IBAN: PT50 0045 9020 4033 2492 5070 6 MB WAY: 910 66 11 33 Pagamento de serviços: Entidade: 77777 | Referência: 777 777 777 Donativos online. |
A Cáritas “apela à generosidade de todos os que acreditam que é possível transformar vidas com gestos simples, mas impactantes”.
“Num momento em que a pobreza ameaça tornar-se uma realidade para cada vez mais pessoas, a solidariedade de cada um é o que pode fazer a diferença”, conclui a nota.
De acordo com um estudo do Observatório da Pobreza da Cáritas em Portugal o país tem de perceber o “verdadeiro custo” da exclusão social, apelando a maior investimento no combate às desigualdades.
O estudo alerta para o aumento da privação habitacional e do número de pessoas em situação de sem-abrigo, para o crescimento de pedidos de ajuda por parte de imigrantes e para a falta de progressos no combate à pobreza e exclusão.
O documento sublinha que Portugal é caraterizado por uma “pobreza muito persistente, estruturalmente persistente”.
“A atualização deste quadro sobre o número de pessoas que vivem em privação material e em pobreza mais extrema, continuará a revelar números igualmente chocantes nos próximos anos”, apontou o coordenador do estudo.
Para o responsável do Observatório da Cáritas, há um “indicador particularmente chocante”, com retrocessos nos últimos anos, que respeita ao “número de pessoas que não têm uma alimentação adequada”,
Num país com 20% da população em risco de pobreza ou exclusão social, a “luta contra a pobreza, nos tempos mais recentes, desacelerou”.
“Com os objetivos que estão inscritos oficialmente na estratégia na Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021-2030, concluímos imediatamente que em vários destes indicadores, ao ritmo atual, não vamos chegar lá”, advertiu o coordenador do estudo da Cáritas.
“Em Portugal as estatísticas oficiais, de forma um pouco surpreendente e excecional não captam esta maior prevalência de privação nos estrangeiros”, assinalou.
A questão, precisou, pode estar ligada a critérios estatísticos, que se baseiam no conceito de “residência estável”, que deixa de fora várias pessoas.
“Os imigrantes estão a recorrer à Caritas, em cada vez maior número. As situações de fragilidade existem”, prosseguiu.
A Cáritas celebra, entre os dias 16 e 23 de março, a sua Semana Nacional, com diversas iniciativas, entre elas o Peditório Nacional, que leva milhares de voluntários às ruas e que também vai ser realizado online
Anualmente, a Cáritas presta apoio a cerca de 120 mil pessoas, através das Cáritas Diocesanas e dos grupos paroquiais que fazem parte da rede nacional.
A Cáritas Portuguesa é constituída por 20 Cáritas Diocesanas que anualmente respondem a cerca de 120 mil pessoas vulneráveis através de uma resposta social de emergência (alimentação, pagamento de despesas de água luz e habitação), mas, também, através da implementação de programas de empregabilidade e outras formas de inserção social.
(Com Ecclesia)