Papa apela ao fim da “vingança” e do “exílio forçado”, em Gaza

 

Foto: Lusa

O Papa apelou hoje ao fim da violência na Faixa de Gaza, criticando a lógica da “vingança” que atinge a população civil.

“Repito: não há futuro baseado na violência, no exílio forçado, na vingança. Os povos precisam de paz. Quem os ama verdadeiramente trabalha pela paz”, disse, no final da recitação da oração do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício.

Leão XIV saudou, entre os peregrinos presentes na Praça de São Pedro, “os representantes de várias associações católicas empenhadas na solidariedade com a população da Faixa de Gaza”.

“Caros irmãos, aprecio a vossa iniciativa e muitas outras que, em toda a Igreja, expressam proximidade aos irmãos e irmãs que sofrem naquela terra martirizada”, declarou, associando-se aos apelos destes responsáveis e dos “pastores das Igrejas da Terra Santa”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português anunciou na sexta-feira que vai reconhecer hoje a Palestina.

Portugal integra um grupo de países que anunciaram em julho a intenção de reconhecer o Estado palestiniano e manifestaram preocupação com a morte de civis na Faixa de Gaza às mãos do exército israelita.

“Entre esses países estão França, Canadá, Malta, Austrália, Luxemburgo e Andorra, que pretendem oficializar o reconhecimento durante a Assembleia Geral da ONU da próxima semana, bem como São Marino, que indicou que o fará até ao final do ano”, indica a Lusa.

O Reino Unido e a Bélgica também anunciaram a intenção de reconhecer a Palestina nos próximos dias.

Papa preside na Igreja de Santa Ana

“Hoje, em particular, a Igreja reza para que os governantes das nações sejam livres da tentação de usar a riqueza contra o homem, transformando-a em armas que destroem os povos e em monopólios que humilham os trabalhadores. Quem serve a Deus torna-se livre da riqueza, mas quem serve a riqueza permanece escravo dela”, alertou, na homilia da Missa a que presidiu, pela primeira vez, na paróquia de Santa Ana, situada na fronteira entre o território do Estado da Cidade do Vaticano e Roma.

“Encorajo-vos a perseverar com esperança num tempo seriamente ameaçado pela guerra. Povos inteiros são hoje esmagados pela violência e ainda mais por uma indiferença descarada, que os abandona a um destino de miséria”, acrescentou.

A comunidade está confiada ao serviço pastoral dos religiosos agostinianos, de que o atual Papa foi responsável mundial.

Leão XIV sustentou que a vida deve ser marcada pela busca pelo “bem comum”; evocando o ensinamento de Jesus sobre o serviço a Deus e não ao dinheiro.

“Não se trata de uma escolha contingente, como tantas outras, nem de uma opção que se pode rever ao longo do tempo, dependendo das situações. É necessário decidir um verdadeiro estilo de vida. Trata-se de escolher onde colocar o nosso coração, de esclarecer quem amamos sinceramente, a quem servimos com dedicação e qual é realmente o nosso bem”, apelou.

O Papa sublinhou que “não é o dinheiro que salva”, falando dos perigos da miséria espiritual e moral.

“A tentação é esta: pensar que sem Deus poderíamos viver bem, enquanto sem riqueza seríamos tristes e afligidos por mil necessidades. Perante a prova da necessidade, sentimo-nos ameaçados, mas em vez de pedir ajuda com confiança e partilhar com fraternidade, somos levados a calcular, a acumular, tornando-nos desconfiados e cautelosos em relação aos outros”, observou.

“Estes pensamentos transformam o próximo num concorrente, num rival ou em alguém de quem se pode tirar proveito. Doar, não agarrar; projetar uma sociedade melhor, não procurar negócios ao melhor preço.”

O Papa precisou que este ensinamento ajuda a superar uma visão que apresenta os outros como “classes rivais” e “exorta todos a uma revolução interior, uma conversão que começa no coração”.

A celebração contou com a presença do padre Gioele Schiavella, agostiniano, que acaba de completar 103 anos de idade, pároco de Santa Ana de 1991 a 2006.

Já na recitação do ângelus, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa insistiu na necessidade de evitar a “acumulação de bens materiais, porque as riquezas deste mundo são passageiras”.

“Como estamos a administrar os bens materiais, os recursos da terra e a vida que Deus nos confiou? Podemos seguir o critério do egoísmo, colocando a riqueza em primeiro lugar e pensando apenas em nós mesmos; mas isto isola-nos dos outros e espalha o veneno de uma competição que muitas vezes gera conflitos”, alertou.

Leão XIV defendeu que os recursos materiais devem ser usados como “instrumento de partilha para criar redes de amizade e solidariedade, para edificar o bem, para construir um mundo mais justo, equitativo e fraterno”.

(Com Ecclesia e Vatican News)

 

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