No Jubileu dos Religiosos dos Açores, o prelado destacou a importância da oração, da comunhão e da presença ativa nas comunidades
O Bispo de Angra apelou este domingo aos consagrados e consagradas dos Açores para que sejam “guardiães da esperança” e “construtores de unidade”, durante a homilia da missa celebrada no Jubileu dos Religiosos dos Açores, na Catedral, que reuniu pela primeira vez em simultâneo, representantes dos oito institutos religiosos presentes no arquipélago.
O momento, marcado por um forte espírito de comunhão e gratidão pela presença e missão dos consagrados nas ilhas, foi muito simbólico.
“Abraço a todas e a todos que desenvolvem a sua missão. Abraço a diocese nas ilhas onde estão… Vós sois todos muito importantes”, disse D. Armando Esteves Domingues no início da celebração.
“A porta da esperança é Cristo”
Na homilia, o prelado sublinhou que Cristo é a porta da esperança e que é n’Ele que os religiosos devem encontrar motivação para continuar a servir com alegria e fidelidade.
“Rezemos sempre, rezemos sem desanimar, porque o nosso auxílio vem do Senhor. Só em Deus podemos encontrar abrigo”, afirmou, acrescentando que “amar é rezar e rezar é amar, e não cansa”.
O Bispo lembrou que cada pessoa é “um dom de Deus” e convidou os consagrados a redescobrirem a “centelha do início da vocação”, vivendo “a aventura de seguir Deus mais de perto e de lhe dar tudo, também no amor aos irmãos”.
Justiça, dignidade e missão
Inspirando-se na leitura evangélica do dia, o Bispo de Angra destacou a figura da mulher viúva que, com coragem e perseverança, busca justiça.
“É uma mulher digna, cheia de força, que não se rende à injustiça. Ensina-nos a ter fome e sede de justiça, a não desistir, mesmo quando tudo nos aconselha a parar”, afirmou.
A partir desse exemplo, deixou uma interpelação à consciência social:
“Os menos dotados não são seres humanos? Os fracos não têm a mesma dignidade que nós? Da resposta que dermos depende o valor da sociedade. Ou reconquistamos a dignidade moral e social, ou caímos num poço de imundice.”
O prelado lembrou ainda que o Jubileu coincide com o Dia Mundial das Missões, sublinhando que “a vida é uma missão” e que “é belo reconhecer que Deus é quem guarda e abriga cada um”.
Crise do humano e desafio à proximidade
O Bispo de Angra alertou para “a crise do humano” que atravessa a sociedade contemporânea, marcada pela desorientação, o isolamento dos idosos e a perda da capacidade de olhar para quem vive ao nosso lado.
“A proximidade está a extinguir-se; todos estamos ligados virtualmente, mas não estamos em relação. A ânsia de produtividade e eficiência faz com que nos foquemos apenas em nós, incapazes de altruísmo”, advertiu.
Para o prelado, “o Evangelho vivido no concreto pode ajudar a devolver humanidade e dignidade às pessoas”, e os religiosos têm um papel essencial nessa missão.
Chamamento à sinodalidade e à oração
Numa mensagem de incentivo, o Bispo de Angra pediu aos religiosos que participem ativamente na vida da Igreja: “Sede especialistas da sinodalidade. Participai nas comunidades paroquiais, nos conselhos e nas propostas formativas da diocese. Dai o vosso contributo para o desenvolvimento de uma espiritualidade de comunhão.”
Concluindo, o Bispo de Angra apelou à esperança e à paz: “Há uma grande necessidade de esperança e de paz que habita o coração de cada homem e mulher. Sejamos construtores da concórdia, com palavras e gestos que animem a nossa convivência. Que Deus amor continue a ser o vosso abrigo e a vossa força.”
O programa foi cuidadosamente preparado pelo Secretariado da CIRP da Ilha Terceira. Começou às 10h00 com a oração de laudes na Igreja de São Gonçalo, um convento histórico. Depois peregrinaram para a Sé de Angra, onde passaram a Porta da igreja Jubilar minutos antes das 11h00 e participaram na Eucaristia . Durante a missa houve referências ao jubileu e a apresentação das oito congregações religiosas presentes nos Açores.
À tarde, pelas 15h00, decorreu uma sessão solene na Casa de Saúde das Irmãs Hospitaleiras, com uma intervenção dos padres João maria Mendes, Deão do cabido da Sé e do padre Francisco Sales.