Diocese de Angra celebra o Dia da Igreja Diocesana com missa na Sé

Ouvidorias interpeladas a celebrar também nas Igrejas jubilares o 491 ano de fundação da diocese

Foto: Igreja Açores (Arquivo)

A Diocese de Angra celebra no próximo dia 3 de novembro, às 19h00, o Dia da Igreja Diocesana, com uma Eucaristia solene na Sé de Angra.

Para esta celebração, foram convidadas as duas ouvidorias da ilha Terceira, assim como os conselhos pastorais e os diversos movimentos eclesiais que atuam nestas duas comunidades locais. O momento pretende ser uma expressão de comunhão e unidade diocesana, reunindo representantes de diferentes realidades e sensibilidades da Igreja na ilha.

No que respeita às restantes ouvidorias da diocese, foi sugerido que realizem uma celebração semelhante nas suas igrejas jubilares ou nas igrejas principais das respetivas ouvidorias, de modo a permitir que toda a Diocese viva este dia de forma simultânea e em espírito de partilha.

O Dia da Igreja Diocesana é uma ocasião para reforçar os laços de fé, comunhão e missão entre todas as comunidades que integram a Diocese de Angra, recordando a importância de caminhar juntos ao serviço do Evangelho, sobretudo neste ano santo da esperança em que a diocese inicia um caminho de 9 anos, com um projeto pastoral já delineado e que culminará com a celebração dos 500 anos da sua fundação.

A Diocese de Angra, que abrange uma superfície total de 2243km2, dispersa por nove ilhas, foi criada pelo papa Paulo III através da bula Aequum reputamus, de 5 de Novembro de 1534. A diocese abrange todo o arquipélago dos Açores e tem a sua sede na cidade de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

As paróquias dos Açores, como de todas as ilhas e terras de Além-mar, começaram por estar sujeitas à jurisdição da Ordem de Cristo, exercida pelo Vigário nullius de Tomar.

Os primeiros povoadores católicos foram instruídos pelos franciscanos que chegaram em 1456 à ilha Terceira, onde construíram uma ermida e em 1470 erguem o Convento de São Francisco de Angra. Em 1461 dá-se a fundação da Ermida de São Salvador a mando de Álvaro Martins Homem, fundador da vila da Angra. Essa ermida esteve na origem da Sé Catedral de Angra do Heroísmo.

Após a descoberta das ilhas dos Açores e do seu subsequente povoamento, o governo eclesiástico do arquipélago passou por três fases distintas.

A primeira fase vai desde o descobrimento-povoamento até à criação da diocese do Funchal.

Os Açores, como se sabe, foram doados pelo Rei português ao Infante Dom Henrique, na qualidade de Mestre ou Governador da Ordem de Cristo, concentrando nas mãos do Donatário o poder temporal e o espiritual.

O poder temporal era exercido, primordialmente, pelos Capitães do Donatário, os quais foram colocados à frente das diversas Capitanias em que foram divididas as Ilhas. E o espiritual, embora revestindo a forma de poder delegado, era exercido pelo Dom Prior de Tomar, que era Freire da dita Ordem de Cristo.

Entretanto, como as descobertas portuguesas tinham atingido grandes áreas geográficas era necessário a criação de novas Dioceses ultramarinas dado que se tornava impraticável que a jurisdição canónica permanecesse exclusivamente nas mãos da Ordem de Cristo. Neste sentido, o rei de Portugal D. João III (1521-1557) enviou o seu sobrinho Dom Martinho de Portugal como embaixador junto da Santa Sé e com a finalidade de obter a criação de diversos bispados ou dioceses nas terras descobertas.

Uma das primeiras dioceses a serem erectas foi a do Funchal, na ilha da Madeira, por Bula do Papa Leão X (1513-1521) datada de 12 de Junho de 1514, ficando sob a jurisdição da nova diocese todas as Ilhas atlânticas, a costa de África, a Índia, bem como todas as descobertas portuguesas, tornando-a a maior de todas as Dioceses que alguma vez existiram no mundo.

Desta forma entramos na segunda fase da jurisdição canónica dos Açores, dado que esta passa para a alçada da nova Diocese do Funchal. São conhecidos diversos documentos que atestam o exercício desta jurisdição, como seja o facto de o primeiro Bispo do Funchal ter mandado, no ano de 1517, como Visitador aos Açores o Bispo Duniense Dom Duarte, o qual procedeu á sagração de duas Igrejas Matrizes.

Em 1523, o mesmo Bispo nomeia como novo Visitador para os Açores o Padre João Pacheco, e em 1525 o Cabido da Sé do Funchal, então Sede Vacante, nomeia um Ouvidor do eclesiástico para a ilha de São Miguel.

Finalmente, a terceira fase da jurisdição canónica dos Açores e que perdura até ao presente, começa com a fundação da Diocese de Angra.

Depois de algumas confusões geográficas sobre a cidade, ilha e igreja onde devia ficar erecta a Sé da nova Diocese, por Bula do Papa Paulo III (1534-1549), intitulada Aequum Reputamus, e dada em Roma a 3 de Novembro de 1534, foi finalmente criada a Diocese de Angra, desmembrada da já então Arquidiocese do Funchal e passando a sua sufragânea, até 1550, com sede na Igreja do Santíssimo Salvador da cidade de Angra, na ilha Terceira. A sua jurisdição estendia-se às nove ilhas do arquipélago. A partir dessa data ficou sob a jurisdição da arquidiocese de Lisboa (desde 1716 designada por Patriarcado Metropolitano de Lisboa), até hoje.

O Papa Paulo III, pela Bula Gratiae divinae proemium, datada do mesmo dia da criação da Diocese, confirma a nomeação do primeiro Bispo de Angra na pessoa de Dom Agostinho Ribeiro (1534-1540).

Em 1862, isto é, 328 anos após a fundação da Diocese, foi fundado o Seminário Episcopal de Angra. A inauguração solene realizou-se a 9 de novembro, no antigo Convento de São Francisco. Foi somente em 1864 que o seminário recebeu alunos internos. Até então os clérigos açorianos recebiam formação em seminários, em Portugal continental, universidades nacionais e estrangeiras, e ainda nos conventos existentes nos Açores, e mais tarde, nos colégios que os Jesuítas fundaram em Angra, Ponta Delgada e Horta. Em Ponta Delgada, foi inaugurado o Seminário Menor do Santo Cristo em 12 de outubro de 1966.

A 11 de maio de 1991, o Papa João Paulo II visitou os Açores. Foram feitas celebrações religiosas nas cidades de Ponta Delgada e Angra do Heroísmo.

Desde a sua fundação, a Diocese de Angra já teve 40 bispos, sendo apenas dois naturais dos Açores.

(Mais em https://www.diocesedeangra.pt/diocese/? – texto elaborado a partir de informação do Instituto Açoriano de História)

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