Por António Maria Gonçalves

O nosso Bispo Dom Armando Esteves Domingues, acaba de publicar a sua primeira Carta Pastoral como Pastor da nossa Diocese. Intitulada Batizados na Esperança, é um documento que pretende marcar o início de uma caminhada de nove anos rumo a 2034, quando celebraremos os cinco séculos de criação da Diocese de Angra. O contexto é o do Ano Jubilar da Esperança e é precisamente a esperança que o Bispo coloca como âncora de todo o Projeto Pastoral Diocesano.
Dom Armando recorda que a desesperança é um dos grandes sinais do nosso tempo. O cristão não pode resignar-se a viver sem horizonte. A esperança alimenta a fé e dá sabor à caridade. Por isso, a Carta é uma convocação forte: toda a Igreja nos Açores deve reavivar a esperança e tornar-se presença viva do Evangelho, na fidelidade à missão que recebeu no Batismo.
O Projeto Pastoral será vivido em três triénios, inspirados nos grandes pilares da evangelização: Anúncio, Ação e Celebração. Este primeiro triénio (2025-2028) dedica-se ao Anúncio e tem como lema “Passemos à outra margem”. Dom Armando pede que redescubramos quem somos na Igreja e que voltemos sempre ao encontro pessoal com Cristo, única raiz capaz de sustentar a missão. A conversão pessoal e comunitária é apontada como condição permanente da autenticidade e da fecundidade pastoral.
A Carta valoriza de forma clara a sinodalidade como modo de ser Igreja hoje, destacando que a Igreja é, ao mesmo tempo, hierárquica e sinodal: todos os batizados são chamados a participar, discernir e servir. Por isso, reforça-se o papel dos Conselhos Pastorais, a corresponsabilidade na tomada de decisões e a formação contínua de todos os agentes pastorais. Uma atenção especial é dada à dignidade e missão dos leigos, protagonistas ativos na evangelização.
Entre as prioridades concretas, Dom Armando aponta:
• a promoção do Batismo como fundamento da vida cristã e criação de Centros de Preparação para o Batismo;
• a formação sólida e acessível em toda a Diocese, através das Escolas de Formação;
• o renovado empenho numa pastoral do primeiro anúncio;
• a valorização da piedade popular, fonte viva da fé açoriana;
• o dinamismo missionário, indo ao encontro de quem se afastou e dialogando com a sociedade em todas as suas expressões.
O documento lembra a especificidade da nossa realidade arquipelágica, com as suas fragilidades sociais e o declínio da prática religiosa. Tudo isso exige comunhão entre as ilhas e uma Igreja que se compreenda como “missionária em saída”, próxima das pessoas, especialmente das que mais sofrem.
Com esta Carta Pastoral, o nosso Bispo lança um apelo sereno e exigente: que ninguém fique de fora desta Caminhada Diocesana. Em 2034, não celebraremos apenas uma data. Queremos ser uma Igreja mais madura, mais unida e pronta para os desafios que Deus nos colocará adiante. Confiamos este caminho à Senhora da Esperança, para que nos ensine a fazer tudo o que Jesus nos disser.
