Papa Leão XVI apela à fraternidade na solenidade de Todos os Santos

Pontífice encerra Jubileu do Mundo Educativo e saúda proclamação de São João Henrique Newman como doutor da Igreja

Foto: Lusa

 O Papa Leão XVI presidiu hoje, na Praça de São Pedro, à celebração da solenidade de Todos os Santos, pedindo que esta festa inspire “novos construtores de fraternidade” num mundo marcado por conflitos e injustiças.

“Enquanto antecipamos esta realidade futura, sentimos ainda mais forte e doloroso o contraste com os dramas que a família humana está a sofrer devido às injustiças e às guerras. E sentimos ainda mais urgente o dever de sermos construtores de fraternidade”, afirmou o Papa, durante a recitação do ângelus, antes da Missa conclusiva do Jubileu do Mundo Educativo.

A solenidade de Todos os Santos, celebrada anualmente a 1 de novembro, recorda “os eleitos que se encontram na glória de Deus”, sejam ou não canonizados oficialmente. Em Portugal, a data é feriado nacional e mantém tradições populares como o “Pão por Deus”.

Na homilia, Leão XVI sublinhou a dimensão de esperança e comunhão desta festa: “O mistério da Comunhão dos Santos, que hoje respiramos a plenos pulmões, recorda-nos qual é o destino final da humanidade. É uma grande festa em que nos alegramos juntos pelo amor de Deus presente em todos.”

O Papa manifestou ainda alegria pela proclamação de São João Henrique Newman como doutor da Igreja, agradecendo a presença de uma delegação ecuménica da Igreja de Inglaterra, liderada pelo arcebispo de Iorque, Stephen Cottrell. “A vossa presença expressa a alegria partilhada pela proclamação de Newman como doutor da Igreja”, declarou, evocando o contributo do teólogo britânico “para o caminho ecuménico dos cristãos rumo à plena unidade”.

A celebração marcou também o encerramento do Jubileu do Mundo Educativo, que reuniu no Vaticano estudantes, professores e responsáveis académicos de vários países, incluindo Portugal. No final, Leão XVI percorreu a Praça de São Pedro em papamóvel, saudando os fiéis e os jovens participantes na tradicional “Corrida dos Santos”, iniciativa solidária promovida pela Missão Dom Bosco.

A Igreja Católica celebra a 1 de novembro a solenidade litúrgica de Todos os Santos, feriado nacional em Portugal, na qual lembra conjuntamente “os eleitos que se encontram na glória de Deus”, tenham ou não sido canonizados oficialmente.

As Igrejas do Oriente foram as primeiras (século IV) a promover uma celebração conjunta de todos os santos quer no contexto feliz do tempo pascal, quer na semana a seguir.

No Ocidente, foi o Papa Bonifácio IV a introduzir uma celebração semelhante em 13 de maio de 610, quando dedicou à Santíssima Virgem e a todos os mártires o Panteão de Roma, dedicação que passou a ser comemorada todos os anos.

A partir destes antecedentes, as diversas Igrejas começaram a solenizar em datas diferentes celebrações com conteúdo idêntico.

A data de 1 de novembro foi adotada em primeiro lugar na Inglaterra do século VIII acabando por se generalizar progressivamente no império de Carlos Magno, tornando-se obrigatória no reino dos Francos no tempo de Luís, o Pio (835), provavelmente a pedido do Papa Gregório IV (790-844).

Segundo a tradição, em Portugal, no dia de Todos os Santos, as crianças saíam à rua e juntavam-se em pequenos grupos para pedir o ‘Pão por Deus’ de porta em porta: recitavam versos e recebiam como oferenda pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocavam dentro dos seus sacos de pano; nalgumas aldeias chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’.

Já no dia 2 de novembro tem lugar a ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’, que remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.

Este costume depressa se espalhou: Roma oficializou-o no século XIV e no século XV foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar três Missas neste dia, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e ainda na Polónia.

Durante a I Guerra Mundial, o Papa Bento XV generalizou esse uso em toda a Igreja (1915).

(Com Ecclesia e Vatican News)

Scroll to Top