A Crença e O Dever alargam públicos e chegam além dos concelhos onde se publicam

O jornal A Crença, propriedade da paróquia de São Miguel Arcanjo, em Vila Franca do Campo e O Dever, da paróquia das Lajes do Pico, acabam de reforçar a sua presença na comunidade com mais 460 assinaturas (270 novas assinaturas da Crença e 190 do Dever)07, resultado de um apoio do Governo Regional dos Açores no âmbito do Sistema de Incentivo aos Media (SIM). Os dois títulos, propriedade da Igreja, chegam também às escolas e às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) da região.
O diretor do jornal A Crença, em declarações ao sítio Igreja Açores expressou grande satisfação com a iniciativa, considerando-a “um presente antecipado de Natal e também de aniversário”, já que o jornal está prestes a celebrar 110 anos de existência, no próximo dia 19 de dezembro.
“Eu não vejo isto como um peso, mas como uma instituição que só pode ser muito acarinhada pelos anos que tem, pelo contributo que deu à nossa igreja e à nossa localidade”, afirmou o padre José Borges, destacando o papel histórico e cultural do periódico.
Para o diretor, esta medida representa “uma lufada de dimensão maior”, permitindo que A Crença chegue “a outros lugares e públicos”, o que considera “uma mais-valia, como instrumento de trabalho e como presença da palavra, que é da sociedade e também da Igreja”.
O responsável sublinha ainda que o alargamento da presença- mais 270 assinaturas- é vital para a sustentabilidade dos jornais locais.
“São as assinaturas e a publicidade que mantêm os jornais vivos. O Governo abriu esta porta — não como um favor, mas como um compromisso — para que as instituições válidas possam continuar o seu trabalho e nós só podemos estar gratos”, afirmou.
Com este novo desafio, o jornal assume uma maior responsabilidade social ainda, procurando alcançar “outros mundos e outras pessoas”, especialmente num contexto de crescente secularização. O diretor acredita que o jornal pode ser um meio de aproximação das novas gerações às questões da fé, da espiritualidade e da vida comunitária.
Apesar de reconhecer os desafios do mundo digital, o diretor defende o valor do papel como um instrumento vivo e humano: “O jornal em papel tem que ser manuseado, aberto, partilhado. Nas escolas e nas instituições, pode ser usado como ferramenta educativa e social. Até em lares de idosos, há quem leia o jornal semanalmente aos doentes, mantendo-os informados e ligados ao mundo”, conclui.

Também o administrador do jornal O Dever, da ilha do Pico, destaca a chegada do jornal à escola pública.
“Mais do que o número de assinaturas, o mais importante é o facto de o jornal ter passado a entrar dentro das escolas. Esse é que foi o grande exemplo, porque não são os 450 euros mensais que vão viabilizar o jornal. Agora, indiretamente, isso ajuda, porque ao entrarmos nas escolas e nas IPSS, tornamo-nos mais presentes e relevantes para a comunidade”, afirma Manuel Gonçalves.
Com a entrada nas escolas, o jornal espera também aumentar a sua visibilidade entre os mais jovens. Questionado sobre se seria necessário adaptar o conteúdo, o diretor revelou que “há muito tempo pensava que seria bom as próprias escolas começarem a participar e a produzir algo para o jornal”. Essa colaboração, acrescenta, “tem custos”, mas já existem iniciativas nesse sentido, nomeadamente com as escolas do concelho da Madalena, onde já há uma ligação estabelecida.
Por outro lado, a partir de janeiro, o próprio diretor passará a ser professor numa das escolas, o que, acredita, “poderá ter um efeito positivo na aproximação entre o jornal e a comunidade escolar”.
O Sistema de Incentivos aos Média Privados dos Açores (SIM) é um programa de apoio do Governo Regional dos Açores que visa fortalecer a comunicação social privada na Região Autónoma dos Açores.