Bispo de Angra desafia novo diácono Fábio Silveira a ser servo e testemunha da esperança rejeitando a autossuficiência

Natural do Pico, novo diácono tem 36 anos e foi o último seminarista a cumprir a sua formação integralmente no Seminário de Angra

Foto: Igreja Açores/Hugo Silva

D. Armando Esteves Domingues ordenou este domingo, Solenidade de Cristo Rei, na Catedral de Angra, diácono Fábio Silveira, convidando-o a abraçar um ministério de serviço humilde, fidelidade ao Evangelho e proximidade aos mais pobres. A homilia, marcada por forte apelo espiritual e pastoral, colocou no centro a lógica do amor que se entrega e a realeza de Cristo manifestada na cruz.

Na homilia, o Bispo de Angra sublinhou que as leituras da Solenidade de Cristo Rei revelam uma realeza fundada na comunhão e não no poder. D. Armando  Esteves Domingues evocou a figura de Jesus Crucificado, rejeitado pelos chefes e soldados, mas reconhecido por um dos ladrões, que “ao ver Jesus atormentado, adorou-o como se estivesse na glória”.

O prelado alertou contra a tentação da autossuficiência: É precisamente esta tirania do ego (…) que Jesus combateu”, recordando as palavras do Evangelho: Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á”.

Para o bispo diocesano toda a vida de Jesus é testemunho de entrega: gestos e palavras orientados não para “salvar-se a si mesmo”, mas para amar, dar espaço ao outro e não fazer violência — culminando no perdão oferecido aos seus crucificadores.

Foto: Igreja Açores/Hugo Silva

Dirigindo-se a Fábio Silveira, D. Armando Esteves Domingues foi claro sobre o desafio da vocação diaconal: Vais publicamente manifestar a tua livre e definitiva entrega a Cristo na nobre vocação a que Ele te chama: servir, servir e servir! Dar a vida, dar a vida, dar a vida”.

O bispo explicou que o diácono é chamado a ajudar o bispo e os presbíteros na Palavra, no Altar e na Caridade, sempre como “servo de todos”. Lembrou ainda que o Espírito Santo é o verdadeiro protagonista deste serviço e advertiu: Somos irmãos e ministros para todos, não para nós mesmos ou para um grupo”.

Recordando o lema escolhido por Fábio — O Senhor é bom para aqueles que n’Ele esperam” —, exortou-o a deixar-se conduzir pelo Espírito para ser “homem de Deus, ‘corista’ na comunidade cristã, e não ‘solista’”.

O bispo reforçou também o caráter missionário do serviço ordenado: Estás pronto para usar como ‘armas’ o amor e a misericórdia; como ‘autoridade’ o serviço simples e humilde; e como ‘trono’, a cruz?”, interpelou. E,  concluiu com uma imagem forte sobre o cuidado aos marginalizados:Não esqueças que o primeiro que Jesus meteu no céu foi um ladrão… e com ele evangelizamos ainda hoje.”

A celebração coincidiu com o Dia Mundial da Juventude, este ano com o tema dado pelo Papa Leão XIV: Vós também haveis de dar testemunho, porque estais comigo”. D. Armando Esteves Domingues retomou a mensagem do Santo Padre, que recorda aos jovens que Jesus os considera amigos e os chama à missão num mundo marcado por desigualdades, violência, crises familiares e falta de oportunidades.

Com a sua amizade, Ele escuta-vos, motiva-vos e guia-vos, chamando cada um de vós a uma vida nova”, citou o bispo.

A reflexão conclui com um convite a um vínculo vivo com Maria, “Mãe cheia de afeto e compreensão”, especialmente através do Rosário, para que todos experimentem que nunca estão sozinhos.

Dá, dai testemunho de tudo isto com alegria!”

A celebração decorreu na Sé com a participação de vários fiéis e sacerdotes bem como os diáconos permanentes ordenados em junho e que tinham sido instituídos nos ministérios de leitor e acólito com Fábio Silveira.

O jovem picoense de 36 anos é o último aluno do Seminário Episcopal de Angra integralmente formado na dicoese já que os colegas de turma rumaram até ao Porto onde completam os estudos académicos na Faculdade de Teologia da Universidade Católica do Porto.

Último seminarista formado integralmente nos Açores é ordenado diácono este domingo

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