Pároco da Sé de Angra apela a uma intensa preparação interior e autenticidade espiritual
O pároco da Sé de Angra, Cónego Hélder Miranda Alexandre, afirma que o Advento, ao inaugurar um novo ano litúrgico, não é apenas um período simbólico, mas um apelo urgente a uma preparação interior autêntica, feita de recolhimento, conversão e caridade concreta.
Segundo o sacerdote, o Advento- tempo que precede o Natal, que começa este domingo- , é “um tempo intenso, curto, mas profundamente marcado pelo convite a preparar o coração para o Natal”.
A cor roxa, usada na liturgia, evidencia justamente esse caráter contracorrente: enquanto as ruas já exibem ambiente festivo, a Igreja chama ao silêncio, à interioridade e ao retorno ao essencial.
Hélder Miranda Alexandre recorda que “advento” significa chegada, expressão que orienta as três dimensões espirituais deste tempo: a memória da primeira vinda de Cristo em Belém; a expectativa da sua vinda gloriosa no fim dos tempos; e a chegada quotidiana do Senhor, que se faz presente “no agora, no encontro com os irmãos, na oração, nos sacramentos e na Palavra”. Cada uma dessas dimensões, afirma, é “uma riqueza imensa que a Igreja oferece aos fiéis”.
Longe de ser uma espera passiva, o Advento exige vigilância ativa, compromisso e esperança. Neste ano marcado pelo Jubileu, esse apelo torna-se ainda mais urgente. Num mundo ferido pela guerra e pela instabilidade – como acontece no Médio Oriente e em tantas outras regiões – o sacerdote considera que “a palavra Esperança ganha um valor novo e mais profundo”. As iniciativas do Papa em favor da paz reforçam, segundo ele, a necessidade de um olhar mais atento aos sinais dos tempos.
O Advento, acrescenta, deve conduzir a uma consciência maior da fragilidade e preciosidade da vida, inspirando gestos simples e concretos que levem esperança a alguém.
“Só sentiremos que o Advento vale a pena se fizermos algo que transforme, ainda que discretamente, a vida de outra pessoa.”, afirma em declarações ao Sítio Igreja Açores.
Para viver este caminho, o presbítero sublinha a importância da oração, da participação nos sacramentos e da meditação da Palavra de Deus. Figuras bíblicas como Isaías, profeta fundamental neste tempo, ajudam a alimentar a esperança e a visão da cidade santa. Já Maria, especialmente celebrada na Imaculada Conceição, é apresentada como modelo de fé e disponibilidade.
No entanto, o sacerdote é claro: “não existe verdadeiro Advento sem caridade”.
“Preparar o Natal implica necessariamente cuidar dos outros, sobretudo dos que mais sofrem. Trata-se de transformar a esperança cristã em atitudes concretas que iluminem o mundo com pequenos sinais de bem”, disse ainda.
O convite final é simples e exigente: “fazer deste tempo breve e intenso uma oportunidade única para renovar o coração, fortalecer a fé e viver a caridade com autenticidade, para que a luz do Natal brilhe não apenas nas celebrações, mas na vida real de quem mais precisa” conclui o cónego Hélder Miranda Alexandre.