Iniciativa tem quatro encontros; o terceiro decorre hoje em Água D´Alto, às 20h00

A Ouvidoria de Vila Franca do Campo está a promover em vários espaços, neste tempo de Advento, um ciclo de formações dedicado ao tema da esperança, reunindo cerca de 50 participantes por sessão. A iniciativa, que dá continuidade ao percurso formativo dos últimos anos, procura iluminar a vida cristã através de encontros temáticos, reflexão bíblica e partilha comunitária.
A formação, já considerada uma marca pastoral da Ouvidoria de Vila Franca do Campo, tem vindo a ser reforçada ao longo dos últimos anos, respondendo a um pedido antigo da Diocese: a valorização do aprofundamento espiritual e do acompanhamento dos leigos.
O ouvidor, padre José Borges, recorda que, em vários Conselhos Pastorais Diocesanos e Presbiterais, a necessidade de criar espaços de formação — desde Escolas de Ministérios a encontros bíblicos — foi sendo apontada como prioridade.
Neste ano jubilar, o percurso continua “marcado pela esperança”, tema que inspira todas as sessões. O sacerdote sublinha que a esperança “é uma belíssima companheira de viagem” e um verdadeiro “tesouro”, evocando as palavras do Evangelho que convidam a tirar “coisas novas e velhas” do tesouro interior para alimentar a vida cristã.
Depois das formações realizadas na Quaresma , a Ouvidoria voltou a privilegiar um “tempo forte” do calendário litúrgico para aprofundar o caminho formativo.
Neste Advento, a atualização dos conteúdos começou pela reflexão sobre “a boa notícia” e o que ela traz de Evangelho. Seguiu-se uma sessão dedicada à esperança na vida, onde se abordaram limites, fragilidades e a importância de valorizar cada momento.
Hoje, os participantes são convidados a refletir sobre a esperança nas fragilidades das dependências, procurando compreender como caminhar com quem vive realidades difíceis. O ciclo culminará com o tema do “assombramento”, inspirado na passagem do Evangelho do Natal: “a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra”, imagem que, segundo o padre José Borges, “abre o coração para este Natal”, marcado pela proteção e presença de Deus que vem ao mundo pelas mãos do Menino.
Entre os momentos mais significativos da formação, o ouvidor destaca os testemunhos recolhidos na última sessão : “Por menor que seja a semente, ela pode florescer confiante no tempo e na vida”, partilhou um dos participantes. Para o sacerdote, estes gestos mostram que “a esperança é luz, caminho, dar e receber”, ajudando a olhar a vida “com menos certeza e mais confiança”.
A convidada da sessão de ontem, a professora Silvina Marques, especialista em cuidados paliativos e investigadora da esperança, introduziu o conceito de “esperança ajustada”, não para a diminuir, mas para a tornar realista e vivível.
“A pessoa põe o pé e Deus põe o chão”, sintetizou o padre José Borges, ilustrando esta experiência de confiança.
No ritmo acelerado do quotidiano atual, o desafio passa por fazer germinar a esperança num tempo em que muitos se sentem afastados da Igreja. Para o ouvidor, a chave está no encontro: “Convocamos, convidamos e depois partilhamos um convívio. Ali também se transmite esperança.”
Reavivar a luz interior, dar e receber o melhor de cada um, e viver a esperança “com as mangas arregaçadas” são, para o sacerdote, caminhos concretos neste Advento.
As formações continuam durante a semana, mantendo-se abertas a toda a comunidade que deseje preparar o Natal com mais profundidade espiritual e espírito de esperança.