O Papa Leão XIV vai deslocar-se no próximo dia 8 de dezembro à Praça de Espanha, em Roma, para a tradicional homenagem à Imaculada Conceição

Esta será a primeira vez que o atual Papa preside a este momento de devoção. A chegada à Piazza Mignanelli está prevista para as 16h00 (hora local, 14h00 nos Açores), onde o pontífice vai ser recebido pelo cardeal vigário, D. Baldo Reina, e pelo presidente da Câmara de Roma, Roberto Gualtieri, para um momento de oração e deposição de flores.
A jornada começa logo às 07h00 com os Bombeiros de Roma (Vigili del Fuoco) a inaugurarem as homenagens: como é costume, subirão ao topo da coluna de 12 metros para colocar uma coroa de flores no braço da imagem da Virgem, honrando a memória dos 220 colegas que inauguraram o monumento em 1857.
Ao longo do dia, sucedem-se várias homenagens de instituições e grupos de fiéis, incluindo a Gendarmeria do Vaticano, a Ordem de Malta e trabalhadores de empresas romanas.
A animação espiritual do dia está a cargo dos Frades Menores Conventuais da paróquia vizinha dos Santos XII Apóstolos, basílica que acolhe a mais antiga novena à Imaculada Conceição em Roma, presidida diariamente por vários cardeais da Cúria Romana.
Nos Açores, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Angra do Heroísmo, prepara-se para viver a festa em honra da Imaculada Conceição, este ano iluminada pelo tema “Cristo, nossa esperança”, a partir das alegrias de Nossa Senhora, conforme destaca o reitor do santuário, cónego Ricardo Henriques.
A novena, que arrancou a 29 de novembro, como todas as novenas de Nossa Senhora da Conceição, arrancou com especial enfoque no valor da vida e na presença de Maria como sinal de esperança para o mundo contemporâneo.
Para o reitor, a Conceção Imaculada de Maria “é um sinal da bênção de Deus sobre a vida, sempre presente na História da Salvação e que continua a renovar-se nos nossos dias”. Como Senhora do Advento, recorda ainda, Maria conduz os fiéis à expectativa do Natal, “na gestação do Filho cuja chegada celebraremos a 25 de dezembro”.
Um dos destaques do programa deste ano será a conferência “Maria, a primeira influencer do Céu”, a realizar-se no dia 5 de dezembro, orientada por Mariana Cabral, enfermeira e paroquiana da comunidade. A iniciativa, promovida pelo Grupo do Jubileu da Esperança e pelo Instituto Católico de Cultura, contará com um espaço de diálogo moderado por Carmo Rodeia e terminará com um momento musical: uma peça para órgão de J. S. Bach, interpretada por Olga Lysa.

Nos dias seguintes, o santuário acolherá intensos momentos de oração, incluindo as Vigílias das Equipas de Nossa Senhora no dia 6 e dos restantes movimentos paroquiais ao longo da noite de 7 de dezembro. Neste mesmo dia, o P. Emanuel Valadão Vaz, reitor do Seminário, presidirá à Eucaristia. As Vésperas solenes, cantadas pelo coro paroquial e dirigidas pelo reitor, com acompanhamento de órgão por Lúcia Azevedo, prometem igualmente marcar o ambiente espiritual deste tempo festivo.
O dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição, contará com seis Eucaristias, sobressaindo a celebração das 09h30, presidida por D. Armando Esteves e transmitida pela RTP1. A missa contará com a participação da Associação dos Bombeiros Voluntários de Angra e será animada pelo coro da Confraria de Nossa Senhora da Conceição, dirigido por Liliana Silva, com Anabela Albuquerque ao órgão. O dia encerrará com a Eucaristia final, às 19h00, igualmente com a Confraria.
A pregação do novenário ficará a cargo dos padres António Santos, Luís Silva e Pedro Lima, trazendo ao coração da comunidade diferentes vozes que iluminam a esperança cristã.
À semelhança do ano anterior, a oração do terço será dinamizada pelos movimentos da paróquia com recurso a um Guião especialmente preparado, este ano dedicado às sete alegrias de Nossa Senhora da Anunciação à sua Coroação no Céu. O reitor sublinha que estas alegrias “são portas que se abrem para a esperança do Céu”, revelando uma visão mais luminosa e otimista da presença de Deus na vida de Maria e, consequentemente, na vida dos crentes.
A celebração decorre ainda no espírito do Ano Jubilar da Esperança e em plena caminhada sinodal rumo aos 500 anos da Igreja Local, a celebrar em 2034. Relembra-se também que os santuários viveram ao longo deste ano a temática “Cristo, nossa Esperança”, em sintonia com a carta pastoral do bispo diocesano, “Batizados na Esperança”, que orientará a missão da Diocese nos próximos três anos, com especial foco no Kerigma, o anúncio essencial da fé.
O dogma da Imaculada Conceição afirma que Maria, a mãe de Jesus, foi concebida sem a mancha do pecado original. Esta crença foi proclamada pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854, através da bula ‘Ineffabilis Deus’, e é uma verdade de fé da Igreja Católica. A preservação do pecado original foi um privilégio único concedido a Maria, em vista dos méritos de Cristo.
A primeira celebração do culto da Imaculada Conceição aconteceu na Sé Velha de Coimbra, no dia 8 de dezembro de 1320.
A ligação entre Portugal e a Imaculada Conceição ganhara destaque em 1385, quando as tropas comandadas por D. Nuno Alvares Pereira derrotaram o exército castelhano e os seus aliados, na batalha de Aljubarrota.
Em honra a esta vitória, o Santo Condestável fundou a igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa (Arquidiocese de Évora), e fez consagrar aquele templo a Nossa Senhora da Conceição.
A antiga igreja de Nossa Senhora do Castelo, espaço onde se ergue atualmente o santuário nacional, afirmou-se nos finais do século XIV como um sinal desta devoção, em toda a Península Ibérica.
Durante o movimento de restauração da independência, com a coroação de D. João IV como rei de Portugal, a 15 de dezembro de 1640; este soberano coroou a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha e Padroeira de Portugal, durante as cortes de 1646.