“Ser peregrino de esperança é um programa de vida” – Leão XIV

 

Foto: Vatican Media

O Papa Leão XIV afirmou hoje, na audiência jubilar que o mundo “torna-se melhor” se cada pessoa “perder um pouco a segurança e a tranquilidade e escolher o bem”, convidando os peregrinos à “participação”.

“Perguntemo-nos: estou a participar em alguma iniciativa boa, que envolve os meus talentos? Tenho a visão e o alcance do Reino de Deus quando presto algum serviço? Ou faço-o resmungando, queixando-me de que tudo corre mal? O sorriso nos lábios é o sinal da graça em nós”, partilhou na Praça de São Pedro, que juntou peregrinos diversos pontos do mundo.

“Ninguém salva o mundo sozinho. E nem mesmo Deus quer salvá-lo sozinho: Ele poderia, mas não quer, porque juntos é melhor. Participar faz-nos expressar e torna mais nosso aquilo que, no final, contemplaremos para sempre, quando Jesus voltar definitivamente”, acrescentou.

Leão XIV lembrou que o lema do Jubileu, «Peregrinos da esperança», não quer ser “um slogan” que será esquecido com o tempo, mas é antes “um programa de vida”.

“É um programa de vida: «peregrinos da esperança» significa pessoas que caminham e esperam, mas não de braços cruzados, participando”, sublinhou.

O Papa recordou que o Concílio Vaticano II “ensinou a ler os sinais dos tempos” e que é necessário “arregaçar as mangas” e procurá-los com “inteligência”.

“O Concílio Vaticano II ensinou-nos a ler os sinais dos tempos: diz-nos que ninguém consegue fazê-lo sozinho, mas juntos, na Igreja e com muitos irmãos e irmãs, lemos os sinais dos tempos. São sinais de Deus, de Deus que vem com o seu Reino, através das circunstâncias históricas. Deus não está fora do mundo, fora desta vida. E o Concílio disse que esta missão é particularmente dos fiéis leigos, homens e mulheres, porque o Deus que se encarnou vem ao nosso encontro nas situações do dia a dia. Nos problemas e nas belezas do mundo, Jesus espera-nos e envolve-nos, pede-nos que trabalhemos com Ele. É por isso que esperar é participar”, indicou.

Durante a audiência jubilar, o Papa recordou o testemunho de um jovem italiano, contemporâneo da II Guerra Mundial, Alberto Marvelli, e que se dedicou a socorrer os feridos, os doentes e os deslocados.

“Muitos admiravam a sua dedicação desinteressada e, após a guerra, foi eleito vereador e encarregado da comissão para a habitação e a reconstrução. Assim, entrou na vida política ativa, mas, precisamente quando se dirigia de bicicleta a um comício, foi atropelado por um camião militar. Tinha 28 anos”, afirmou.

Leão XIV indicou a vida do jovem italiano como um exemplo de serviço e de alegria “mesmo em meio de grandes riscos”.

Também este sábado foi dada a conhecer uma mensagem enviada pelo décimo aniversário da beatificação dos mártires de Chimbote, assassinados por “ódio à fé” e indicou o seu testemunho como “um convite à unidade e à missão para a Igreja universal”.

“Mesmo antes da sua morte, a vida missionária de cada um deles deixava transparecer a mensagem essencial do cristianismo. Eram três padres claramente diferentes: dois jovens frades franciscanos polacos e um presbítero diocesano italiano. Traziam consigo línguas, culturas, formações, carismas, espiritualidades e modos de agir diferentes. Cada um tinha uma maneira única de se aproximar das pessoas e de viver o ministério. Mas no Peru essa diversidade não gerou distância; pelo contrário, tornou-se uma contribuição”, indicou o Papa recordando os beatos Michal Tomaszek, Zbigniew Strzalkowski e Alessandro Dordi.

Numa mensagem tornada hoje pública pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Leão XIV indicou a vida dos beatos como exemplo para os dias de hoje, para os “desafios pastorais e culturais que a Igreja enfrenta”.

“A sua memória pede-nos um passo decisivo: voltar a Jesus Cristo como medida das nossas opções, das nossas palavras e das nossas prioridades”, indicou.

“Numa época marcada por sensibilidades diferentes, em que se cai facilmente em dicotomias ou dialéticas estéreis, os beatos de Chimbote recordam-nos que o Senhor é capaz de unir o que a nossa lógica humana tende a separar. Não é a plena coincidência de opiniões que nos une, mas a decisão de conformar a nossa opinião à de Cristo”, acrescentou.

Os três sacerdotes missionários foram assassinados, em 1991, por guerrilheiros comunistas, quando decidiram “permanecer onde exerciam o seu ministério e no meio do rebanho como autênticos pastores”; o cardeal Ângelo Amato presidiu à cerimónia de beatificação, em 2015, no Peru.

“O sangue dos mártires não foi derramado ao serviço de projetos ou ideias pessoais, mas como uma única oferta de amor ao Senhor e ao seu povo. O seu martírio mostra-nos – com a autoridade da vida doada – o que é a verdadeira comunhão: tantas origens, tantos estilos, tantos contextos, tantos dons; mas «um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus Pai de todos, que está acima de todos, age por meio de todos e está presente em todos»”, indicou o Papa.

Dirigindo-se aos jovens, Leão XIV pediu para não terem medo do apelo de Jesus.

“O testemunho dos mártires de Chimbote mostra que a vida dá frutos na medida em que se abre ao apelo de Deus. Seja ao sacerdócio, seja à vida consagrada, ou mesmo à missão ad gentes, para ir onde Cristo ainda não é conhecido. Convido também o clero – especialmente os jovens sacerdotes – a considerar com generosidade a possibilidade de se oferecerem como fidei donum (dom da fé), seguindo o exemplo do beato Alessandro; encorajo os bispos a apoiar o ardor dos jovens sacerdotes e a socorrer as Igrejas mais necessitadas, enviando fraternalmente ministros que levem a caridade pastoral de Cristo onde ela é mais necessária”, finalizou.

(Com Ecclesia e Vatican News)

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