
A morte do Papa Francisco e a eleição de Leão XIV, o primeiro pontífice norte-americano, marcaram o ano de 2025, transformando o Jubileu da Esperança num momento de transição histórica para a Igreja Católica.
O ano que se iniciou com a expectativa das celebrações jubilares acabou por ser definido, nos primeiros meses, pela fragilidade da saúde de Francisco.
Após um internamento no Hospital Gemelli e semanas de apreensão na Praça de São Pedro, o falecimento do pontífice argentino, a 21 de abril, na segunda-feira de Páscoa, encerrou um ciclo de 12 anos focado nas “periferias” geográficas e existencias, com uma mensagem centrada na misericórdia.
As cerimónias fúnebres de 26 de abril reuniram líderes mundiais e milhares de fiéis na Praça de São Pedro; na homilia, o cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, sintetizou o legado do Papa que escolheu ser sepultado em Santa Maria Maior.
“Foi um Papa no meio do povo, com um coração aberto a todos”, disse.
Com a sede vacante, a atenção mediática voltou-se para a Capela Sistina, onde um Conclave com a participação inédita de quatro cardeais eleitores portugueses escolheu, a 8 de maio, um novo Papa: o cardeal Robert Francis Prevost, antigo missionário e prefeito do Dicastério para os Bispos, que assumiu o nome de Leão XIV.
Na varanda da Basílica vaticana, Leão XIV definiu a sua linha programática num apelo global: “Esta é a paz do Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada e desarmante, humilde e perseverante, que vem de Deus, Deus que nos ama a todos, incondicionalmente”.
Dez dias depois, na Missa inaugural do ministério petrino, o Papa alertou para as fraturas sociais e políticas que marcam a atualidade.
“No nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos”, sublinhou Leão XIV, desafiando a Igreja a ser “um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade” face a paradigmas económicos que marginalizam os pobres.
Em agosto, o Jubileu dos Jovens levou centenas de milhares de pessoas até Tor Vergata – palco histórico da JMJ de 2000 –, onde Leão XIV pediu compromisso cívico e social: “Refleti sobre o vosso modo de viver e procurai a justiça para construir um mundo mais humano. Servi os pobres e dai assim testemunho do bem que sempre gostamos de receber”.
A primeira exortação apostólica do pontificado, ‘Dilexi Te’, marcou a continuidade com Francisco, na defesa dos mais pobres e dos migrantes, com críticas ao sistema económico e financeiro movido apenas pelo lucro.
O ano encerrou-se com uma intensa agenda diplomática, focada nos conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.
Leão XIV viajou à Turquia para os 1700 anos do Concílio de Niceia, berço do Credo, onde afirmou que “não seria possível invocar Deus como Pai se recusássemos reconhecer os outros homens e mulheres como irmãos e irmãs, também eles criados à imagem de Deus”.
A viagem estendeu-se ao Líbano, onde o Papa deixou um aviso severo sobre a escalada de violência na região.
“O caminho da hostilidade mútua e da destruição no horror da guerra foi percorrido por demasiado tempo, com os resultados deploráveis que estão diante dos olhos de todos. Precisamos mudar de rumo. Precisamos educar os nossos corações para a paz”, concluiu.
Na sua primeira mensagem para o Dia Mundial da Paz (1 de janeiro de 2026), intitulada ‘Rumo a uma paz desarmada e desarmante’, Leão XIV alerta para a “irracionalidade” de uma segurança global baseada no medo e na força, denunciando o aumento contínuo das despesas militares e os novos perigos associados à tecnologia nos conflitos armados.
(Com Ecclesia e Vatican news)