
Na mensagem para o 59.º Dia Mundial da Paz, divulgada pelo Vaticano, Leão XIV critica a utilização da fé como ferramenta de confronto político, denunciando a bênção do nacionalismo e a justificação religiosa da violência e da luta armada.
O pontífice sublinha que as grandes tradições espirituais apelam a uma fraternidade que ultrapassa “os laços de sangue e étnicos” e exorta os fiéis a rejeitarem, com a própria vida, aquilo que classifica como formas de blasfémia que obscurecem o nome de Deus.
Leão XIV destaca a importância da oração, da espiritualidade e do diálogo ecuménico e inter-religioso como caminhos privilegiados para a construção da paz e como linguagens de encontro entre culturas e tradições religiosas.
O Papa convida ainda cada comunidade cristã a tornar-se uma “casa de paz”, onde a hostilidade é superada pelo diálogo e o perdão é vivido de forma concreta, mostrando que a concórdia não é uma utopia, mas uma possibilidade real.
A mensagem propõe uma revolução “silenciosa”, inspirada na paz de Cristo, descrita como “desarmada e desarmante”, capaz de transformar as relações pessoais, comunitárias e sociais.
Recordando a saudação “A paz esteja convosco”, pronunciada na noite da sua eleição, a 8 de maio, Leão XIV afirma que esta expressão traduz uma mudança profunda para quem a acolhe, sublinhando que a paz de Jesus ressuscitado nasce da renúncia à violência.
No documento, intitulado Rumo a uma paz desarmada e desarmante, o Papa alerta para o risco de se ceder a narrativas marcadas pelo medo e pela perda da esperança, elogiando todos aqueles que, num contexto que o Papa Francisco definiu como uma “terceira guerra mundial em pedaços”, continuam a promover a paz.
Citando Santo Agostinho, Leão XIV lembra que a paz começa no interior de cada pessoa e exige escolhas concretas no quotidiano, não sendo um ideal distante ou passivo.
A mensagem conclui com uma reflexão sobre o Natal, associando a bondade e o cuidado com os mais frágeis, especialmente as crianças, a um caminho capaz de desarmar os corações.
O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 pelo Papa São Paulo VI e é celebrado anualmente no primeiro dia do ano.