Terminou esta tarde em Angra do Heroísmo o 62º Encontro de Secretariados Diocesanos da catequese, de todo o país

A redescoberta do Credo a partir de Niceia, explicado à luz de uma linguagem mais contemporânea é o “principal ensinamento” dos trabalhos do 62ª Encontro de Secretariados Diocesanos da Catequese, que decorreu esta quinta e sexta-feira, em Angra do Heroísmo.
“O credo que é símbolo da nossa fé e nasceu num contexto muito concreto, deve agora interpelar os catequistas de tal maneira que consigam transmitir esta fé às gerações próximas”, afirmou ao Sítio Igreja Açores o Presidente da Comissão Episcopal da Educação e Doutrina da fé, D. António Augusto Azevedo.
“É nossa preocupação encontrar formas e modalidades para que esta fé chegue ao coração dos mais novos sempre em fidelidade à tradição e à fé da Igreja. Esta é a grande preocupação e a grande prioridade que o serviço da catequese deve ter em mente e isso exige uma reflexão mais profunda sobre o teor da nossa fé”, afirmou o prelado.
“O diálogo hoje entre a fé e a cultura deve ser algo que nos obriga, nos concentra e pode ajudar-nos a esclarecer e a promover o verdadeiro significado das coisas”, concluiu o bispo responsável pela Comissão Episcopal que tutela a Catequese.
O 62º Encontro Nacional de dirigentes da catequese de todo o país promoveu três conferências sobre o Credo de Niceia- perspetivas histórica, teológico-filosófica e pastoral- e permitiu uma reflexão dos dirigentes sobre a forma de tornar atual e presente na catequese e na comunidade o valor patrimonial deste símbolo dos apóstolos através do qual professamos a nossa fé.
“A catequese deve ser mistagógica e, por isso, mais ligada à experiência pessoal sem com isso tirar valor à experiência comunitária” afirmou, por seu lado, o diretor do Serviço Diocesano da Evangelização, Catequese e Missão, padre Jacob Vasconcelos.
“O título do encontro é explícito: quando digo `eu creio, nós cremos´ podemos situar estas duas dimensões : uma fé narrativa, como por exemplo temos no credo hebraico e mostra-nos a experiência de uma fé mais positiva” referiu ainda o sacerdote, que é pároco em Santa Bárbara.
“Narrar a nossa experiência de fé ajuda-nos a perceber na vida quais são as razões da nossa esperança e da nossa fé e a percebermos que Jesus é parte integrante da história. Não é uma ideia nem uma abstração, pelo contrário é o rumo e o sentido da nossa vida e penso que, assim, haverá vantagem em tornar o credo mais vivencial” o que terá de ter “implicações na vida comunitária”.
Para o Presidente do Secretariado Nacional da Catequese, Fernando Moita, “ era preciso que todos percebessem o Credo, que é uma das formas de expressar a nossa fé e de encontro pessoal com Deus”.
“Era desejo nosso que este encontro permitisse perceber que o credo, que é uma das formas de expressarmos a nossa fé, fosse o resultado de um encontro pessoal com Jesus Cristo para depois este encontro ser celebrado e vivido individualmente e depois em comunidade” referiu, em jeito de balanço do que foram estes dois dias de trabalho em Angra, numa iniciativa conjunta do Secretariado nacional de Educação Cristã e do Serviço Diocesano da Catequese.
“A perspetiva dialógica, entre o eu e o nós, é sempre um desafio mas facilmente percebemos que o eu só ganha sentido diante de um nós. Se a experiência de fé é sempre pessoal, ela também é uma experiência comunitária”, referiu ainda o dirigente nacional.
“Estas equipas diocesanas saem agora com esta experiência de que a catequese é algo dinâmico que exige sempre novos desafios e atenção dentro da Igreja pois é a missão por excelência do anúncio da educação da fé e para a fé”, disse ainda recordando que estes ensinamentos também serão vertidos para os novos subsídios que estão na forja.
“Não é fácil a linguagem hoje em dia; falar para jovens e adolescentes, sobretudo hoje, mais do que no passado é difícil porque a linguagem religiosa é mais difícil de perceber, mas é um caminho que tem de ser feito”, afirmou Fernando Moita.
Durante a tarde desta sexta-feira, os dirigentes da catequese refletiram sobre a forma de valorizar o credo na catequese de na vida comunitária, em trabalhos de grupo, que decorreram segundo o método de Conversação do Espírito.
Dez grupos refletiram sobre como passar do “eu creio” para o “nós cremos” e de que forma isso pode ser vivido na catequese e na vida comunitária de uma paróquia, ouvidoria ou diocese.