
O Papa Leão XIV sublinhou aos legisladores e funcionários públicos que “são chamados a construir pontes entre a Cidade do Homem e a Cidade de Deus”, este sábado, numa audiência à Rede Internacional de Legisladores Católicos, no Vaticano.
“Na vossa vocação de legisladores e funcionários públicos católicos, vocês são chamados a construir pontes entre a Cidade do Homem e a Cidade de Deus. Exorto-os a trabalhar por um mundo em que o poder seja dominado pela consciência e a lei esteja ao serviço da dignidade humana. Encorajo-os também a rejeitar a mentalidade perigosa e autodestrutiva segundo a qual nada pode mudar”, disse Leão XIV, no seu discurso citado pelo portal online ‘Vatican News’.
O Papa recebeu em audiência os membros da Rede Internacional de Legisladores Católicos, por ocasião do seu 16º encontro anual e para o Jubileu da Esperança, na manhã deste sábado, 23 de agosto, no Vaticano.
Leão XIV, que citou Santo Agostinho, autor da obra ‘A Cidade de Deus’, explicou que o bispo católico dos séculos IV-V, “figura imponente, voz proeminente da Igreja na época romana tardia”, encorajava os cristãos a “infundir na sociedade terrena os valores do Reino de Deus”, orientando assim a história para a sua realização final em Deus, “permitindo ao mesmo tempo o autêntico florescimento humano nesta vida”.
“Esta visão teológica pode nos ancorar diante das correntes mutáveis de hoje: o surgimento de novos centros de gravidade, a mudança de antigas alianças e a influência sem precedentes das corporações e tecnologias globais, sem mencionar os numerosos conflitos violentos. A questão crucial que nós, crentes, devemos nos colocar é, portanto, esta: como podemos realizar esta tarefa?”, desenvolveu.
O 16.º encontro anual, da Rede Internacional de Legisladores Católicos, tem como tema ‘A nova ordem mundial: as políticas das grandes potências, o domínio das multinacionais e o futuro da prosperidade humana’.
O Papa explicou que uma vida próspera, muitas vezes, confunde-se com “uma vida materialmente rica ou com uma vida de autonomia individual sem restrições”, o conforto tecnológico e a satisfação do consumidor são geralmente considerados os parâmetros de um futuro ideal, mas “isso não é suficiente”.
“Vemos isso nas sociedades ricas, onde muitas pessoas lutam contra a solidão, o desespero e um sentimento de falta de sentido. O autêntico florescimento humano deriva do que a Igreja chama de desenvolvimento humano integral, ou seja, o pleno desenvolvimento de uma pessoa em todas as suas dimensões: física, social, cultural, moral e espiritual”, assinalou.
Leão XIV acrescentou que essa visão da pessoa humana “está enraizada na lei natural, a ordem moral que Deus escreveu no coração do homem”, cujas verdades mais profundas são iluminadas pelo Evangelho de Cristo, e o autêntico florescimento da humanidade “é visível quando os indivíduos vivem virtuosamente e em comunidades saudáveis”, desfrutando do que têm, mas também “do que são como filhos de Deus”.
“Ele garante a liberdade de buscar a verdade, de adorar a Deus e de criar famílias em paz. Inclui também a harmonia com a criação e um sentido de solidariedade entre as classes sociais e as nações”, indicou.
Segundo o Papa, é preciso escolher o que se quer como fundamento da sociedade, o amor por si mesmo ou o amor por Deus e pelo próximo, diante dos “imensos” desafios atuais, e conclui o , mas em relação aos quais a graça de Deus, que atua nos corações humanos, sublinha o Papa, é ainda mais poderosa.
O Papa Leão XIV concluiu o discurso aos legisladores públicos com uma referência à “diplomacia da esperança”, fundamental com uma “política da esperança” e uma “economia da esperança”, da intervenção de Francisco ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé., em janeiro deste ano.
(Com Ecclesia)