A palavra de Deus é o único itinerário para a construção de um mundo mais fraterno, afirma pregador da festa do Senhor Santo Cristo

A preparação da festa maior da cidade de Ponta Delgada começou esta tarde, com a Eucaristia do primeiro dia do tríduo

O padre Francisco Ruivo desafiou esta tarde os peregrinos da festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres a escutar e a valorizar a palavra de Deus em vez da dos homens, sendo desta forma um sinal diferenciador e construtor da paz.

“A palavra humana é tanta vezes uma palavra vã, sem sentido, que passa enquanto que a palavra de Deus é o sentido da vida e é eterna” afirmou o sacerdote, biblista da diocese de Santarém, convidado para esta festa para pregar o tríduo preparatório que decorre entre hoje e quinta-feira.

“É com muito agrado que aqui estou” começou por dizer à assembleia, destacando que Deus “quer fazer morada em cada um de nós; quer ser a luz do nosso caminho, que nos quer fortalecer na nossa fé e que nos leva a entrar nessa porta da fé que é também a porta deste Santuário, para nos encontrarmos com Ele, para Ele ser fortaleza, presença e misericórdia”.

“É este Deus da Misericórdia que vamos invocar neste Santuário” disse para sublinhar a importância da escuta e do anuncio da palavra de Deus.

“Hoje há muitos que se deixam tocar pela palavra, que a escutam e fazem caminho; mas há outros que resistem e não se convertem à palavra de Deus,  como se a palavra humana tivesse mais força”, destacou ainda lembrando que é esta palavra o único itinerário que conduz “à paz de Deus”.

“Sermos cristãos hoje num mundo que é adverso à fé, que nos distrai das coisas de Deus, que nos ilude diante dos desafios que Deus nos coloca, é sermos diferentes, verdadeiros discípulos da Paz, é sermos capazes de construir pontes, em vez de muros, de sermos tolerantes e compreensivos perante os que são e falam diferente de nós”, afirmou.

“O  mundo e a palavra mundana mente-nos e engana-nos e nós precisamos estar vigilantes”, acrescentou reforçando a partir da liturgia proclamada esta ter-feira que só um “coração aberto e disponível para acolher e escutar a palavra de Deus é um coração aberto à paz”.

O sacerdote, que é o assistente nacional da pastoral familiar , comparou ainda a comunidade cristã a uma “verdadeira família”, onde “se possa viver em harmonia e comunhão”.

“Este é o sinal de diferença que temos de ser e de fazer no mundo de hoje” afirmou.

“Estamos unidos pelo vínculo da fé e isso deve afastar-nos da mentira, das maledicências das atitudes mundanas, do amor à nossa medida e à medida dos nossos gostos” referiu ainda.

O padre Francisco Ruivo desafiou, por isso, os peregrinos a aproveitarem este tempo como um tempo de preparação para a festa.

“Os grandes acontecimentos da nossa vida exigem preparação e a grande preparação, a preparação próxima, é a forma como acolhemos a palavra de Deus, como nos deixamos tocar por Ela; como ela nos desinstala e provoca em nós o desejo de nos aproximarmos mais de Deus, fazendo do nosso coração o verdadeiro santuário da Sua habitação.”

O sacerdote recordou o tempo de privação imposto pela pandemia, nesta igreja local e em todas as igrejas, como um tempo para “crescer na fé”, perceber “a fragilidade e o quanto precisamos uns dos outros para a nossa felicidade”. De outra forma, concluiu, “terá sido uma espera estéril em que perdemos a oportunidade do encontro com Deus”.

No inicio da celebração eucarística o reitor do Santuário, cónego Adriano Borges, deu as boas-vindas ao pregador e, depois de uma breve apresentação, sublinhou também que a palavra de Deus é a “palavra mais importante da nossa vida”.

Acolhê-la neste momento de preparação para a festa é “proporcionar” um aprofundamento do encontro com Deus.

A Festa do Santo Cristo esteve suspensa nos últimos dois anos devido à pandemia. Este ano regressa à rua com um período mais dilatado de proximidade entre a Imagem e os fieis. A Imagem sairá à rua na sexta-feira e realizar-se-ão duas vigílias, na Igreja de São José em vez da única vigília que era habitual de sábado para domingo.

A Festa será presidida pelo cardeal José Tolentino Mendonça.

 

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