Cerimónia decorreu esta manhã no Dicastério das Causas dos Santos com a presença do Postulador

O Processo Diocesano de Beatificação e Canonização da Serva de Deus Maria Vieira da Silva, assassinada a 5 de junho de 1940, cuja fama de martírio da pureza se difundiu logo após a sua morte, foi aberto formalmente esta manhã no Dicastério das Causas dos Santos, informa uma nota enviada ao sítio Igreja Açores.
O ato marcou o início da Fase Romana da Causa, com a presença do Postulador para esta fase, Mons. António Saldanha Albuquerque, e do Subsecretário do Dicastério, Mons. Turek Boguslaw. Estiveram também presentes os Oficiais do Dicastério: Federico Favero, na qualidade de Chanceler, Mons. Rémi Bazin, Mons. Francisco Conceglieri, assim como Simona Durante, arquivista do Dicastério e Rafaela Marsili.
De forma excecional, o momento contou com a presença de vários membros do Dicastério — um gesto de especial cortesia e apreço pelo facto de Mons. António Saldanha ter servido naquela instituição durante dezoito anos, como Oficial e Secretário-Geral do Studium do mesmo Dicastério, refere a nota.
Com esta cerimónia, conclui-se a etapa diocesana e dá-se início ao trabalho em Roma, onde o Processo será agora submetido a estudo jurídico. O próximo passo será a nomeação de um Relator, que acompanhará a elaboração da Positio sobre o martírio da Serva de Deus Maria Vieira da Silva, documento fundamental para o reconhecimento das virtudes heróicas em ordem à beatificação. Como o fundamento para esta causa é o martírio poderá ser dispensada a prova de existência de um milagre para a sua beatificação.
O processo já se encontrava fisicamente no Vaticano, depois de ter sido depositado pelo promotor judicial da causa na fase diocesana, cónego Hélder Miranda Alexandre, no dia 28 de fevereiro deste ano.
Filha de Júlio de Sousa da Silva e de Isabel Vieira da Silva, casal católico que soube incutir nos seus filhos o amor a Deus e aos irmãos, desde cedo aprendeu a colocar toda a sua vida ao serviço da vontade divina. Aos seis anos já frequentava a catequese ministrada pelo pároco, o Padre Joaquim Esteves. Fez a primeira comunhão e a comunhão solene, rezava todos os dias o terço em família e era cumpridora dos princípios e orientações da fé católica. Do processo judicial que se seguiu à sua morte, e que acabou por condenar o autor do crime, realça-se a sua morte como defesa da sua honra.
A história de Maria Vieira era em tudo semelhante à de Maria Goretti uma menina Italiana de 12 anos que no final do século XIX perdeu a vida a defender a sua virgindade e que sete anos após a morte de Maria Vieira, foi beatificada pelo papa Pio XII, que haveria de a canonizar Santa Maria Goretti em 1950.
Tal como a nova santa Italiana também Maria Vieira perdeu a vida a defender-se de um agressor que lhe queria roubar a pureza, falecendo a 5 de junho de 1940. O povo da Terceira, comovido com a história, sobretudo com a capacidade de perdão por ela evidenciada, começou de forma individual a pedir a intercessão da jovem sempre que se via em aflições e a sua fama de santidade começou a espalhar-se pela voz popular.
O entusiasmo por este processo percorreu três episcopados, tendo sido concluído na sua fase diocesana no dia 1 de novembro de 2024, com D. Armando Esteves Domingues.




