Açorianos conservam tradição do Pão por Deus

Escolas promovem festa de Halloween, mas não esquecem a tradição do Pão por Deus

O Pão por Deus nos Açores, que se assinala este sábado,  é uma “tradição muito viva”, impulsionada pelas escolas católicas e que está a ser recuperada como uma tradição cultural pelas escolas do ensino público regional, sobretudo as do ensino básico, que antecipam a festa para esta sexta feira.

A tradição do Pão Por Deus remonta a 1756, um ano depois do sismo que devastou Lisboa. A pobreza que atingia a capital agravou-se com a destruição provocada pelo abalo de terra e um ano depois os lisboetas saíram à rua para pedirem Pão por Deus para “matar” a fome.

Nas décadas de 60 e 70, por imposição da ditadura do Estado Novo, o Pão Por Deus só podia ser pedido por crianças, menores de 10 anos e, apenas, até ao meio dia.

Pão, frutos secos e agora guloseimas é o que costuma ser pedido pelos mais novos que, inclusivamente, se arranjam com sacos bem decorados para irem para a rua pedir.

Hoje, o Pão por Deus mistura-se um pouco com uma outra tradição pagã, Halloween, importada dos países anglo saxónicos e introduzida no país pelos professores de inglês.

A noite das bruxas leva à rua centenas de crianças que pedem guloseimas. Só que ao contrário das doçuras ou travessuras, no Pão Por Deus, tradição católica, as crianças pedem e se por acaso nada lhes é oferecido não ripostam com qualquer travessura.

O Pão por Deus, juntamente com as romarias aos cemitérios para depositar flores (crisântemos) nas campas, é um dos hábitos do primeiro de Novembro, dia que a Igreja Católica celebra como o Dia de Todos Os Santos.

Nesta solenidade litúrgica, lembram-se conjuntamente “os eleitos que se encontram na glória de Deus”, tenham ou não sido canonizados oficialmente, como refere a Enciclopédia Católica Popular.

As Igrejas do Oriente foram as primeiras (século IV) a promover uma celebração conjunta de todos os santos quer no contexto feliz do tempo pascal, quer na semana a seguir.

No Ocidente, foi o Papa Bonifácio IV a introduzir uma celebração semelhante em 13 de maio de 610, quando dedicou à Santíssima Virgem e a todos os mártires o Panteão de Roma, dedicação que passou a ser comemorada todos os anos.

A data de 1 de novembro foi adotada em primeiro lugar na Inglaterra do século VIII acabando por se generalizar progressivamente no império de Carlos Magno, tornando-se obrigatória no reino dos Francos no tempo de Luís, o Pio (835), provavelmente a pedido do Papa Gregório IV (790-844).

Segundo a tradição, em Portugal, no dia de Todos os Santos, as crianças saíam à rua e juntavam-se em pequenos grupos para pedir o ‘Pão por Deus’ de porta em porta: recitavam versos e recebiam como oferenda pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocavam dentro dos seus sacos de pano; nalgumas aldeias chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’.

O feriado de Todos os Santos é um dos quatros que foi eliminado em Portugal, como resultado do “entendimento excecional” entre a Santa Sé e o Governo português, até 2018.

 

A eliminação dos feriados de Corpo de Deus, de 5 de outubro, de 1 de novembro e de 1 de dezembro, resultante da alteração efetuada ao Código do Trabalho, produz efeitos desde 1 de janeiro e será obrigatoriamente objeto de reavaliação “num período não superior a cinco anos”, segundo o mesmo código.

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