D. Armando Esteves Domingues deixa balanço desta primeira grande iniciativa de juventude depois da JMJ de Lisboa (Com Vídeo)
O bispo de Angra afirma que a experiência vivida na Aldeia da Esperança, em São Jorge, vai deixar uma “marca profunda” na juventude açoriana, sobretudo naqueles trezentos que participaram neste exercício de espiritualidade, partilha e compromisso, na última semana.
“Foi uma experiência, para mim, fantástica”, afirmou o bispo, destacando a qualidade humana dos jovens participantes, a sua abertura ao encontro com Cristo e a coragem de se confrontarem com os desafios da vida e da fé.
A iniciativa, que nasceu no Conselho Pastoral Diocesano e contou com forte apoio do grupo Coordenador do Jubileu, da Pastoral Juvenil e da ouvidoria da São Jorge, procurou ser mais do que um simples acampamento.
“Foi um laboratório de humanidade, fé e sustentabilidade, inspirado pelas encíclicas do Papa Francisco, Laudato Si’ e Fratelli Tutti”, acrescentou D. Armando Esteves Domingues numa entrevista ao Sítio Igreja Açores.
“Temos aqui massa maravilhosa”, sublinhou o bispo, referindo-se ao entusiasmo e à autenticidade dos jovens.
“Eles têm sede de partilha, de sentido, de descoberta. E estão dispostos a continuar este caminho” desde que sejam convocados para a escuta e para a reflexão.
“(Os jovens) São capazes de mostrar as suas inquietações, expectativas, o que gostam e o que gostariam que fosse diferente na Igreja, nos padres e neles próprios”, partilhou.
“Para muitos jovens, esta foi uma oportunidade de reavaliar o seu papel na sociedade, na escola, no mundo digital e na própria fé” afirmou D. Armando Esteves Domingues.
Um dos grandes desafios que sobressaem deste Aldeia, segundo o bispo, é o de acompanhar verdadeiramente a juventude: “A juventude é abstrata. Os jovens são concretos. Precisamos de estar preparados para os acompanhar, como Jesus acompanhava – pessoalmente, com atenção a cada um.”
Além do impacto espiritual e comunitário, a logística e segurança do campo também mereceram elogios. Voluntários de diversas áreas – cozinha, limpeza, segurança, saúde – tornaram possível uma experiência segura e acolhedora, com destaque para o hospital montado pela Cruz Vermelha.
“Quem nos dera que esta aldeia fosse o mundo de hoje, onde tivéssemos esta preocupação do cuidado uns pelos outros, onde ninguém ficasse para trás.”
O futuro da Aldeia da Esperança parece promissor, segundo o bispo de Angra, que já anunciou que a próxima edição, em julho de 2027, será na Povoação. Contudo, o bispo reforça que este movimento não pode ser pontual:
“É preciso formação para quem acompanha os jovens. Precisamos de padres, leigos e coordenadores preparados para serem verdadeiros companheiros de caminhada”, afirmou recordando que os jovens têm de ser vistos como companheiros de caminhada.
“Descobrir-se, encontrar Cristo, encontrar o outro, cuidar e ser cuidado. É isto a esperança.”, enfatizou.
“Este acampamento foi também um desafio à meditação, à interiorização, à contemplação de tudo o quanto Deus fez e faz à nossa volta e em nós e connosco”, conclui o prelado.
A Aldeia da Esperança realizou-se na Caldeira da Fajã de Santo Cristo de 21 a 25 de julho e contou com a presença de cerca de 300 pessoas.