Prelado foi um dos oradores na celebração jubilar dos 60 anos da presença das Equipas de Nossa Senhora no Arquipélago
O casal responsável pela região Açores do Movimento das Equipas de Nossa Senhora (ENS) apelou esta tarde à criação de uma monografia e de um espaço museológico onde o património deste movimento católico possa ser preservado.
Na sessão comemorativa dos 60 anos de presença nos Açores Susana e José Rodrigues lembraram que as Equipas de Nossa Senhora têm sido “um farol de fé para as famílias açorianas” e por isso “esta candeia tem de permanecer acesa e preservada”.
O casal, que vive em São Miguel, assumiu a liderança diocesana do Movimento em 2022 e tem procurado não só dinamizar as ENS em São Miguel como tem sido um promotor de colaboração entre os dois sectores existentes nos Açores, o sector Açores Centro e Açores Oriental.
O Jubileu das ENS, comemorado em Ano Santo da Igreja Universal, começou no dia 15, Dia Internacional da família, em Angra com uma reunião das Equipas e dos Conselheiros Espirituais e prosseguiu em São Miguel terminando amanhã com a celebração de uma eucaristia presidida pelo bispo de Angra, na Igreja paroquial de São José, às 11h00.
A sessão comemorativa desta tarde, que decorreu na Igreja do Colégio dos Jesuítas em Ponta Delgada, contou com a participação de um casal galego- Masu Fuentes e Xosé Prieto- equipistas oradores no Encontro Internacional das ENS, em Turim (2024), em Itália- , que abordaram a “Doação mútua autoestrada para a Santidade”, partindo de uma analogia entre o casal e uma melodia.
“As melodias só ficarão completas quando se encontrarem umas as outras, assim é o casal que só se encontra numa doação mútua”, afirmaram.
“Dar-se um ao outro é a autoestrada para a reciprocidade e reciprocidade passar por nos aceitarmos um ao outro tal como somos e não como gostaríamos que fossemos” referiram.
Desenvolvendo a ideia de que num casal não pode haver mais nada do que amor e reciprocidade, o casal galego, que tem desenvolvido estudos académicos na área do coaching familiar e no acompanhamento de casais, revela que “dar-se um ao outro é uma autoestrada para a santidade”.
O diálogo, a comunicação e a escuta foram apresentados como parte de um itinerário conjugal que fundamenta e sedimenta a espiritualidade do casal e com ela a sua solidez.
A segunda conferência – A arte de se deixar amar- foi proferida por D. Armando Esteves Domingues, do bispo de Angra, que também foi conselheiro espiritual enquanto sacerdote e numa equipa por cerca de 29 anos.
O prelado destacou a complementaridade entre os dois sacramentos do Serviço: o do Matrimónio e o da Ordem.
“Costumo dizer a brincar há muitos anos que se tivesse de dar uma `penitência´ aos sacerdotes era que tivessem cada um uma equipa de casais. Ajudaria no ministério sacerdotal e até no crescimento espiritual e afetivo, como aconteceu comigo” disse em tom de brincadeira para sublinhar a importância da espiritualidade do Movimento para o crescimento individual de cada elemento das equipas.
“Amar e ser amado é um direito fundamental que nem sempre conseguimos cumprir e Deus dá-nos tantas oportunidades quantas as quedas que damos”, disse.
D. Armando Esteves Domingues sublinhou que todos os cristãos são capazes de “gestos altruístas, de fazer coisas por amor mas, no fundo, gostamos sempre de ter algum reconhecimento”, referiu.
“O que o amor conjugal nos pede é algo de diferente: é a constância e a audácia de aceitarmos o outro tal como é e não como nós desejaria que fosse”, disse ainda, entrelaçando esta espécie de testemunho na primeira pessoa com histórias particulares onde a esperança esteve sempre presente.
“Nós vivemos numa sociedade muito especial, marcada por ritmos diversos mas o verdadeiro ritmo que deve ser seguido é o de Jesus”.
“A vida cristã não é o individualismo perfeccionista mas um deixar-se amar por Deus. A auto perfeição é um risco muito grande na vida espiritual e na vida das equipas”. Por isso, acrescenta “O amor não é o objetivo mas a base de vida do casal; tal como é na fé o amor de Deus assim é o amor conjugal” concluiu.
No decorrer da tarde houve três momentos musicais, sendo o primeiro um cântico, pelos Romeiros de S. José; o segundo, piano, a cargo de Tiago Sousa e por último um momento de guitarra portuguesa e guitarra clássica com Rafael Fraga e Alfredo Almeida.
Foram ainda homenageados dois elementos da primeira equipa açoriana, que tinha como Conselheiro Espiritual o padre Simão Bettencourt e depois o padre Fernando Teixeira que também foi distinguido.
Foi partilhada uma memória sobre o trabalhos da Equipas por Maria João Ruivo e apresentada uma monografia já particularemente desenvolvida sobre a história das Equipas em São Miguel, por Roberto Rodrigues.
As Equipas de Nossa Senhora (ENS) são um movimento de espiritualidade conjugal, nascido em França, em 1938, fundado pelo padre Henri Caffarel, cujo objetivo é ajudar os casais a viver plenamente o seu sacramento do Matrimónio, anunciando ao mundo os valores do casamento cristão pela palavra e pelo testemunho de vida. Apesar de não ser um movimento mariano, as ENS recebem o nome de Maria, colocando-se sob a sua proteção.
A primeira equipa dos Açores foi fundada em 1965 e esteve em pilotagem (fase inicial de constituição de Equipa) por correspondência. Em 1968 foi criado o pré sector Açores e com o padre Agostinho Tavares. Nessa altura, havia cinco equipas. São criadas mais seis equipas: em 1970 mais três equipas e em 1974 estende-se a ribeira grande e depois a Horta.
O Movimento atualmente está em fase de recuperação em São miguel e gera muito boa disponição .
A missa de encerramento deste ano Jubilar terminará amanhã na Igreja de São José.