Durante um dia e meio 70 conselheiros refletiram sobre o Projeto Pastoral que a Igreja Açoriana irá ter por base entre 2025 e 2034
O final da Assembleia Conjunta dos membros do Conselho Presbiteral e do Conselho Pastoral Diocesano ficou marcado pela aprovação, por unanimidade, de um voto de pesar pela morte do Papa Francisco, que ao longo dos trabalhos foi recordado pelo legado que deixou à Igreja. A expressão “todos, todos, todos”, proferida em Lisboa em jeito de slogan na Jornada Mundial da Juventude que a capital europeia recebeu em agosto de 2023, foi repetido em vários momentos dos trabalhos de grupo que mobilizaram 70 cristãos,- padres, religiosos e leigos- em representação das várias estruturas pastorais da diocese de Angra.
Durante um dia e meio, os conselheiros debruçaram-se sobre as linhas orientadoras do Projeto Pastoral, que irá ser definido para a Diocese nos próximos nove anos.
Organizado em triénios e balizado pelos grandes temas do Anúncio, da Caridade e da Celebração, reservada sobretudo para o último triénio, marcado pela comemoração de três datas importantes para a igreja insular- 450 anos do nascimento do Beato João Baptista Machado, padroeiro; os 2000 anos do Jubileu da redenção e os 500 anos da fundação da Diocese de Angra- o Projeto Pastoral aponta para questões como uma Igreja mais próxima, mais colaborativa entre serviços, movimentos e até sociedade civil; uma Igreja que possa reforçar a sua identidade cristã, seja do ponto de vista individual seja do ponto de vista comunitário, através do reforço da formação contínua de todo o Povo de Deus com a identificação de uma clara necessidade da definição de percursos formativos. Logo no primeiro ano sobre o que é ser cristão, o significado do batismo e o que deriva desse sacramento. O mesmo se sugere em relação à Caridade, prevista para o segundo triénio, onde a reaprendizagem do sentido e do valor da missão social da Igreja deve ser feito a partir do Evangelho mas também da Doutrina Social da Igreja.
As problemáticas do mundo atual como as migrações, o acompanhamento das diferentes expressões de pobreza e vulnerabilidade, a escuta dos mais necessitados, a integração dos jovens e a mobilização das famílias, foram aspetos muito relevantes na discussão.
“No coração de todos nós fica uma profunda experiência de comunhão que nos vai marcar até do ponto de vista humano e não pensemos que isto não faz Igreja. Isto é Igreja. Precisamos de conversão que passa, desde logo, pela necessidade de percursos formativos partilhados entre todos os carismas da igreja, todos na mesma sala, padres, religiosos, leigos e até pessoas de fora”, afirmou o bispo de Angra no final dos trabalhos que decorreram em grupo, segundo o método da conversação do Espírito, em que a escuta do outro e a do Espírito marcou o ritmo.
Os dois Secretariados Permanentes (dos conselhos Presbiteral e Pastoral Diicoesano) que programaram e orientaram esta Assembleia Conjunta devem apresentar as conclusões ao prelado e será a partir destas conclusões, bem como das conclusões do Conselho Presbiteral que deverá nascer o projeto Pastoral da Diocese entre 2025 e 2034, e que será marcado pela sinodalidade concreta, em sintonia com o caminho proposto por Roma até à Assembleia Eclesial de 2028.