Bispo de Angra desafia cristãos a não fecharem Deus nas Igrejas

D. Armando Esteves Domingues presidiu esta tarde ao 19º aniversário de elevação da Igreja da Serreta a Santuário Diocesano

 

Foto: Igreja Açores

O bispo de Angra convocou toda a Igreja Diocesana a juntar-se à oração pelos cardeais que se encontram no Conclave, que começou esta tarde na Capela Sistina no Vaticano.

“Hoje assinalamos um grande dia aqui na Serreta comemorando 19 anos de elevação a Santuário e 18 de dedicação da Igreja e por isso, neste clima de festa, unamos a nossa oração à Igreja Universal e rezemos pelos cardeais que iniciaram o Conclave. Os cardeais já deitaram fumo negro mas nós devemos continuar em oração para que o Senhor nos dê uma Santo Padre”, disse D. Armando Esteves Domingues na celebração do aniversário do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta, ilha Terceira.

“Este é um lugar que ultrapassa a freguesia. Cada santuário é de todos; aqui acorre toda a gente e aqui a Mãe acolhe `todos, todos, todos´ como nos disse o  Papa Francisco, quase em jeito de testamento”.

A partir da liturgia e percorrendo a ideia da Igreja como casa- de oração mas também da Palavra e da partilha do Pão- D. Armando Esteves Domingues sublinhou a importância de cada um se tornar “templo de Deus”.

“As casas devem lembrar-nos o necessário acolhimento de Jesus no sacrário mais íntimo que é o coração de cada cristão” começou por dizer.

“Não fechemos o nosso coração” enfatizou pedindo também aos cristãos que não “fechem Deus nas Igrejas”.

“Gastamos muito dinheiro em obras, queremos templos belos e solenes e muitas vezes queremos fechar Deus nos sacrários” lamentou invocando o exemplo de Maria, que no Santuário Diocesano da Serreta é invocada como Senhora dos Milagres.

“Maria não se preocupou em criar um templo para Deus, trouxe-O sempre consigo e ela sempre com Deus”, disse o bispo de Angra.

“Que este Santuário onde hoje celebramos continue a ser a metáfora do lugar onde Deus habita mas onde todos são acolhidos, também” frisou ainda, pedindo que  ele “seja expressão de uma paróquia e ilha viva e dinâmica que tenha a arma da caridade e promova a força da esperança”.

Foto: Igreja Açores

Neste aniversário, a reitoria do Santuário promoveu uma sessão de esclarecimento sobre a intervenção que está a ser desenvolvida na recuperação do Retábulo da Capela Mor.

Fagundes Duarte, professor universitário e antigo dirigente regional e deputado à Assembleia da Republica elencou a história deste templo, construído de forma faseada, sempre com uma enorme entrega da comunidade, elevada a curato em 1842 e depois a paróquia em 1862.

Foi em 1842 que a Imagem de Nossa Senhora dos Milagres “o bem patrimonial mais  valioso desta Igreja” chegou à Serreta, ocasião em que foi inaugurada a antiga Igreja.

Foto: Igreja Açores

“Esta Igreja é o resultado histórico de uma dinâmica colaboração entre a fidalguia e as possibilidades do povo, que sempre viveu muito isolado” referiu Fagundes Duarte.

O investigador lembrou, de resto, que a Igreja possui um património cultural significativo sobretudo ao nível da estatuária, com “peças humildes mas preciosas” que têm um “valor identitário significativo”.

Fagundes Duarte lembrou, por outro lado, o processo de construção da nova Igreja e criticou as sucessivas intervenções de que tem sido alvo, sobretudo imediatamente a seguir ao sismo de 80, quando a torre ficou danificada.

“Não houve o devido cuidado, descaracterizou-se uma parte do presbitério com a retirada de umas grades de madeira; apareceram azulejos… Enfim não foram positivas estas intervenções” referiu alegando, pelo contrário, que a atual intervenção está a ser feita com cuidado, conhecimento e zelo.

“O trabalho da Acroarte é digno de nota de respeito e deve ser tomado como exemplo para outras igrejas em ambiente rural, pois em  muitos casos os bens da Igreja são os únicos bens de interesse cultural dentro de uma comunidade” e apelou aos poderes públicos que ajudem nas obras de restauro e conservação deste património.

David Silva da Acroarte explicou os trabalhos que estão a ser desenvolvidos e recordou a fase final que será sobretudo de repintes, exibindo mesmo uma projeção com a imagem do retábulo na sua versão final quando estiverem concluídas todas as intervenções.

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