Bispo de Angra diz que o Natal revela “o coração do amor verdadeiro”

D. Armando Esteves Domingues presidiu à Missa do Dia de Natal na Sé de Angra: “há duas maneiras de amar: uma é dar presentes, a outra é tornar-se presente! Jesus não dá presentes, Ele faz-se presente!”

Foto: Celebração de Natal, Sé de Angra, 2025

 

O bispo de Angra afirmou esta manhã que o Natal não é “ uma história encantada para crianças nem uma tradição sentimental repetida ano após ano”, mas “uma proposta profunda de amor pleno e maduro” que transforma.

Na homilia da Missa de Natal, na Catedral, D. Armando Esteves Domingues voltou a colocar em confronto a perspetiva cristológica e a perspetiva consumista desta quadra festiva.

“O verdadeiro presente do Natal não é material: é apaixonar-se pelo Senhor como quem se apaixona por uma pessoa real” sublinhou o prelado diocesano recordando que no centro desta proposta natalícia está a ideia de “ um amor igualitário”, mas com um excedente que desafia a lógica humana.

“Há duas maneiras de amar: uma é dar presentes, a outra é tornar-se presente! Jesus não dá presentes, Ele faz-se presente!”, afirmou.

“Mesmo que não seja escolhido, esse amor permanece. Não depende de mérito, resposta ou reciprocidade. Continua a existir, firme e gratuito” recordou o bispo de Angra destacando que este amor se revela nos pequenos sinais do quotidiano, transformando: “dissipa medos, quebra solidões e revela uma verdade essencial de que nunca estivemos realmente sós”.

“O Natal acontece por causa de ti, de mim, de nós, de todos”, afirmou o prelado, reforçando que esta vinda não exclui ninguém. É um convite aberto, universal, que “transforma” o Natal num tempo de “encontro real”, “esperança renovada” e “amor que não desiste”.

“A ação de Deus é um projeto já presente e visível no meio de nós: basta pensar na fidelidade de dois esposos; no amor dos pais pelos filhos; no abraço e cuidado pelas crianças, deficientes, idosos; na paciência de uma avó; na ternura de um profissional de saúde; na paixão educativa de uma professora, na honestidade de um empresário, nas diversas formas de acolhimento de uma comunidade” diz ainda D. Armando Esteves Domingues.

“O Natal revela-nos o coração do amor verdadeiro. O nascimento do Deus Menino diz-nos que há duas maneiras de amar: uma é dar presentes, a outra é tornar-se presente” disse ainda o bispo de Angra.

No amor, “os papéis, os títulos, as distâncias desaparecem: restam apenas pessoas que se encontram no mesmo plano” prosseguiu destacando que o Amor só é possível na liberdade.

“Onde há constrangimento, medo de ficar sozinho, dependência afetiva ou económica, não há amor. O amor pleno só existe onde se pode dizer livremente sim, mas também não” afirmou ao lembrar as famílias como células deste amor.

“Penso nas nossas famílias onde mais facilmente se vê o esforço para serem iguais, homem e mulher, onde se aprende a saber perder para ganhar o outro, saber descer com humildade até ao mundo do cônjuge para salvar o amor. Penso os casais com filhos que os vêm como dom de Deus, os querem ensinar a amar como Jesus e educar para o respeito de todos, mantendo-os livres para serem maduros”, interpelou.

“ A Igreja e a sociedade precisam destas células de amor à maneira de Deus” enfatizou, ainda.

“Quantas ilações a tirar perante a forma como tratamos as desigualdades sociais e económicas nas sociedades de hoje e entre nós. Talvez porque tantas respostas sociais se fazem de cima para baixo, de superior para inferior, elas não resultam. Quanta dificuldade em nos fazermos uma coisa só com os irmãos, nos mostrarmos iguais, caminharmos juntos, sejamos nós pobres, ricos, entusiasmados ou caídos no desânimo. Juntos, mas mantendo-nos livres para amar e nos deixarmos amar. Só assim nos podemos salvar todos”, concluiu.

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