Bispo de Angra preside à solenidade da Bem-Aventurada Virgem Maria no Corvo

Ilha celebra Nossa Senhora dos Milagres

 

Nas ilhas de Santa Maria e do Corvo, duas das mais pequenas ilhas do arquipélago, a Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria assume uma especial relevância celebrando-se uma festa de ilha para invocar as padroeiras Nossa Senhora da Assunção e Nossa Senhora dos Milagres, respetivamente. Nesta festa, no Corvo, é feita uma homenagem às vítimas do naufrágio da lancha “Francesa”, com procissão de velas até ao Porto do Boqueirão.

A 13 de agosto de 1942, 17 peregrinos, que iam das Flores a bordo da lancha “Francesa”, faleceram após o naufrágio da embarcação. No dia 15 haverá a Missa solene seguida de procissão pelas ruas da Vila. O centro do cortejo religioso é o andor da Senhora dos Milagres, onde segue a Imagem, uma escultura flamenga de Malines, datada do séc. XVI e devidamente ornamentada com o seu tesouro: a Coroa e o Rosário em ouro, que segundo a tradição tinham sido oferecidos pelos Piratas.

Este ano, a festa volta a ser presidida pelo bispo de Angra, que já lá esteve em 2023, no primeiro ano do seu episcopado em Angra. Esta festa tem a particularidade de estar associada também ao Festival dos Moinhos, promovido pela Associação Juventude do Corvo e que oferece uma diversidade cultural à ilha através de espectáculos e actividades recreativas.

A festa de Nossa Senhora da Assunção, em Vila do Porto, é das poucas que também tem esta dimensão de ilha. Realiza-se de 13 a 17 de agosto e conta sempre com muita animação para além da parte religiosa. Este ano será presidida pelo cónego Adriano Borges, que já esteve em Santa Maria e que regressa à ilha no ano em que cumpre as bodas de prata sacerdotais. A Missa será às 17h00, seguida de procissão.

A festa de Nossa Senhora dos Anjos, em Água de Pau é uma das principais festas de São Miguel, no verão. Embora seja uma festa paroquial, na verdade por estar próxima de uma das zonas balneares mais procuradas da ilha, reúne sempre muita gente de fora. Com a particularidade da Imagem de Nossa Senhora dos Anjos percorrer toda a freguesia e haver a tradição de se atirar argolas com dinheiro para o braço da Imagem, a partir das varandas das casas enfeitadas.

Também na Fajã de Baixo se celebra Nossa Senhora dos Anjos. A Missa solene será no dia 15, às 11h300 e às 18h00, haverá a procissão, que fará o Giro de Santa Rita.

Na Ajuda da Bretanha, também na ilha de São Miguel, a festa de Nossa Senhora da Ajuda, mobiliza toda a costa norte da Ouvidoria de Capelas, tal como a mesma devoção se celebra na Ouvidoria de Fenais da Vera Cruz, nos fenais da Ajuda.

A festa da Assunção de Nossa Senhora comemora-se em toda a Igreja neste dia, que é feriado em Portugal e em quase todos os países onde a maioria da população é católica.

O dogma da Assunção, como explicou o Papa São João Paulo II em julho de 1997,  afirma que o corpo de Maria foi glorificado depois da morte. Maria é elevada em corpo e alma à glória do céu e com Deus e em Deus é rainha do céu e da terra.

A 1 de novembro de 1950, ao definir o dogma da Assunção, Pio XII declarou a questão da morte da Virgem como verdade de fé e na Bula Munificentissimus Deus afirma a elevação do corpo de Maria à glória celeste, declarando tal verdade como um “dogma divinamente revelado”. Porque está com Deus e em Deus, está pertíssimo de cada um de nós, lembrava o Papa Bento XVI a 15 de agosto de 2005.

“Quando estava na terra podia somente estar perto de algumas pessoas. Estando em Deus, que está próximo de nós, que está no “interior” de todos nós, Maria participa nesta aproximação de Deus. Estando em Deus e com Deus, está perto de cada um de nós, conhece o nosso coração, pode ouvir as nossas orações, pode ajudar-nos com a sua bondade materna e é-nos dada como disse o Senhor como “mãe”, à qual podemos dirigir-nos em todos os momentos”, prosseguia Bento XVI.

“Ela escuta-nos sempre, está sempre perto, e sendo Mãe do Filho, participa no poder do Filho, na sua bondade. Podemos confiar sempre toda a nossa vida a esta Mãe, que não está longe de nós” conclui nessa homilia.

Há dois anos, o Papa Francisco pedia para neste dia os cristãos visitarem um Santuário Mariano. Nos Açores existem três, dois na Terceira e um em São Miguel: o Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Angra, o Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta e o Santuário de Nossa Senhora da Paz em Vila Franca do Campo.

“Através dela, Deus inaugurou uma mudança histórica, estabeleceu definitivamente uma nova ordem de coisas. Ela, pequena e humilde, foi exaltada e – é o que celebramos hoje – levada à glória do Céu, enquanto os poderosos do mundo estão destinados a permanecer de mãos vazias. Nossa Senhora anuncia uma mudança radical, uma inversão de valores. Enquanto fala com Isabel carregando Jesus no ventre, antecipa o que o seu Filho dirá, quando proclamar bem-aventurados os pobres e os humildes, admoestando os ricos e quantos confiam na própria autossuficiência. Portanto, com este cântico, com esta oração, a Virgem profetiza: profetiza que não prevalecem o poder, o sucesso e o dinheiro, mas sim o serviço, a humildade e o amor. E olhando para Ela na glória, compreendemos que o verdadeiro poder é o serviço – não o esqueçamos: o verdadeiro poder é o serviço – e reinar significa amar. E que este é o caminho para o Céu!”, concluía Francisco no ano de 2022.

Proclamação do Dogma

“Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial” (Pio XII, Munificentissimus Deus, 1º de novembro de 1950).

A liturgia

«Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!”. E Maria disse:

“Minha alma glorifica ao Senhor,

meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,

porque olhou para sua pobre serva.

Por isso, desde agora, me proclamarão bem-aventurada

todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas

aquele que é Poderoso e cujo nome é Santo.

Sua misericórdia se estende, de geração em geração,

sobre os que o temem.

Manifestou o poder do seu braço:

desconcertou os corações dos soberbos.

Derrubou do trono os poderosos

e exaltou os humildes.

Saciou de bens os indigentes

e despediu de mãos vazias os ricos.

Acolheu a Israel, seu servo,

lembrado da sua misericórdia,

conforme prometera a nossos pais,

em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre”.

Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa» (Lc 1,39-56).

(Com Vatican News)

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