Cardeal D. Américo Aguiar alerta para incoerência digital e pede “banho total” de Sagrada Escritura

Entrevista ao programa de rádio Igreja Açores vai para o ar este domingo, depois do meioi-dia, na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra

Foto: Ouvidoria da Praia/Igreja Açores


O cardeal D. Américo Aguiar afirma que a Igreja corre o risco de perder autenticidade no continente digital, onde muitos cristãos “fazem retoques” e apresentam identidades que não correspondem à vida real. O prelado defende ser urgente um “banho total de Sagrada Escritura” para recuperar a verdade do testemunho cristão e reforça que a presença online só faz sentido se conduzir a um encontro pessoal com Cristo.

Na entrevista ao programa Igreja Açores, que vai para o ar este domingo na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra, D. Américo Aguiar identifica como principal desafio da atual evangelização a falta de coerência entre o que muitos fiéis mostram nas redes sociais e o que vivem nas suas comunidades. O cardeal considera “muito grave” que plataformas digitais se tornem vitrinas artificiais, denunciando a tentação de “faturar likes e aprovações” em detrimento da verdade da fé.

Sublinha que a presença da Igreja no espaço digital não deve ser um fim em si mesmo, mas um convite para uma experiência real de encontro: “olhos nos olhos, coração a coração”. Adverte que, quando essa passagem do virtual para o presencial falha, mina-se a credibilidade da evangelização.

D. Américo Aguiar alerta também para um “enorme défice de familiaridade com a Sagrada Escritura”, que considera ser  um obstáculo estruturante na vida cristã atual. Não obstante, segundo o cardeal, muitos fiéis demonstram hoje uma sede inédita de conhecer a Palavra de Deus, e a Igreja deve responder com urgência a este desejo: “Se não despertarmos para essa necessidade, teremos dificuldade em anunciar Cristo vivo”.

O prelado lembra que cada comunidade deve partir da sua realidade concreta — “ter os pés no chão” — sem receitas universais aplicáveis a todos os contextos culturais. “O Espírito Santo”, diz, “é quem guia verdadeiramente o caminho dos batizados”.

Sobre a transformação cultural da era digital, D. Américo cita os Papas Bento XVI e Francisco, afirmando que a revolução tecnológica está a moldar uma nova cultura tão profunda quanto a Revolução Industrial, e que a Igreja deve estar atenta, preparada e presente de forma sábia.

No final da entrevista, ao recordar o Papa Francisco, o cardeal confessa sentir “muitas, muitas” saudades, destacando o privilégio de ter vivido uma proximidade pessoal inesperada com o pontífice e revelando aquilo de que mais sente falta: “Do abraço, do abraço, do abraço.”

A entrevista na íntegra, concedida no âmbito da deslocação aos Açores para participar nos Encontros de reflexão da Ouvidoria da Praia, sobre o que é ser Cristão nos novos ambientes digitais,  vai para o ar este domingo, primeiro do Advento, depois do meio-dia na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra. Também pode ser ouvida em podcast aqui no Sítio Igreja Açores a partir dessa hora.

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