“Como as santas mulheres, pés ao caminho! Como os apóstolos, toca a correr! O mundo precisa da alegria em cada lugar de escuridão, de uma palavra nova, positiva, animadora e cheia do espírito que conforta”- D. Armando Esteves Domingues

Bispo de Angra presidiu à Missa de Páscoa, na Sé e exortou a um compromisso mais empenhado dos jovens e dos leigos na construção de comunidades mais fraternas onde impere esse mandamento novo do amor

D. Armando Esteves Domingues pediu esta manhã aos açorianos que acelerem o passo na construção de uma nova humanidade assente na novidade do amor e fraternidade, trazidas pela ressurreição de Cristo.

Na homilia da Missa de Páscoa, que celebrou na Sé e durante a qual batizou uma criança, o bispo de Angra sublinhou a urgência de “um anúncio tão forte como foi o da Ressurreição de Cristo” que só será possível “com mulheres e homens novos que não pactuem com o que é ultrapassado, rotineiro” mas que sejam “originais”.

D. Armando Esteves, concelebrou com os dois sacerdotes da Sé e deteve-se particularmente na explicitação do que é a Páscoa para falar da urgência da constituição de comunidades cristãs vivas e ativas, onde todos têm uma missão.

“Se alguém não faz a sua parte na fidelidade ao Espírito Santo, a Igreja não é a mesma, torna-se mais pobre!”, disse.

“ Páscoa é caminhar juntos como irmãos e amigos, e, devidamente fortalecidos, sair para dar testemunho de Cristo Ressuscitado a todos”, afirmou.

“ A Igreja, como cada Assembleia, cada grupo, cada movimento, cada cristão, sai pelas portas escancaradas do templo, a correr, porque há pressa em levar o que vivemos aqui dentro”, disse ainda.

“Como as santas mulheres, pés ao caminho! Como os apóstolos, toca a correr! O mundo precisa da alegria destes cantos, de um Aleluia de festa em cada lugar de escuridão, de uma palavra nova, positiva, animadora e cheia do espírito que conforta. Oxalá o nosso testemunho de caridade fraterna seja suficiente para fazer desta humanidade dispersa uma harmonia de pessoas, um contributo para sermos a única humanidade pela qual Cristo morreu. Somos todos companheiros de viagem” explicitou a partir da liturgia proclamada este domingo.

“As células da comunidade devem ser mais fraternas e mais sinodais; mais de escuta e mais de coração”, destacou ainda, lamentando que as estruturas da igreja ainda permaneçam fechadas sobre si próprias.

“Habituámo-nos nas comunidades onde os padres e algumas pessoas de boa vontade fazem tudo para os outros assistirem; como num jogo de futebol em que 22 correm como doidos e 60 mil assistem…Nós precisamos de todos. É isto que o Senhor nos vem dizer fora do túmulo”, acrescentou.

“Precisamos de vencer os túmulos da instalação, onde muitos assistem e poucos participam”, frisou ao salientar que o ddiscipulado precisa de alguma reformulação.

“Um dos grandes sinais do discipulado é a gratuidade- dar sem esperar nada em troca- mas,  hoje, precisamos de substituir este dar por um caminhar, caminhar juntos, fazermos juntos” afirmou o bispo de Angra.

“Quais são as nossas galileias onde estão irmãos que precisam de amor? Os tempos, não o escondamos, são de crise, não só dos padres, dos bispos e das criticas ao Papa;  é a crise de todo o povo de Deus de cada um saber ser a luz de cristo presente em cada irmão”, interpelou D. Armando Esteves.

“Vivemos esta crise de crescimento dentro da Igreja; precisamos de leigos com pressa que saibam compreender que estes tempos novos os comprometem na primeira pessoa na transformação do mundo, que são chamados a comprometerem-se no meio do mundo e nos vários ministérios dentro da Igreja”.

“Aproveitemos esta crise como um tempo de graça”, exortou, recordando que das crises da Igreja saíram sempre “grandes santos”, pessoas capazes de “dar alegria e esperança a quem não a tinha”.

“Apontemos a sonhar projectos juntos, que tragam alegria e esperança a quem se envolve. Pais, catequistas e filhos na catequese, mas cada grupo paroquial disponibilizando-se para o que possa também fazer; jovens envolvidos no serviço às periferias da pobreza, da cultura, do ambiente, dos direitos de todos, etc. e todos, sem proselitismos, mas respeitosamente, ouvindo e acolhendo cada irmão se sentirá também a ser evangelizados”, disse.

“Para gerar são precisos dois. Criemos então condições para o “dois a dois” em que Jesus ficará entre nós”, disse.

“Que esta páscoa reanime todas as igrejas domésticas dos Açores, da diáspora e do mundo inteiro: Cristo está vivo na tua família!”

A Missa de Páscoa foi transmitida pelo canal público de televisão nos Açores. O Bispo de Angra celebrou ainda no Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo, este domingo de Páscoa.

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